Diagnóstico foi feito por grupo de 160 cientistas de 23 países, que constataram a morte generalizada de corais e alertaram para possível irreversibilidade do quadro.Os recifes de corais quase certamente ultrapassaram um ponto de não retorno, à medida que oceanos esquentam e temperaturas mais elevadas não permitem sua sobrevivência, declarou o relatório Global Tipping Points 2025, divulgado nesta segunda-feira (13/10).

De acordo com o texto, a desaparição massiva dos recifes de corais é o primeiro ponto de não retorno do planeta, se não forem tomadas medidas urgentes contra o aquecimento global.

“Infelizmente, estamos praticamente certos de que ultrapassamos um dos pontos de não retorno para águas quentes e recifes de corais tropicais”, afirma o líder da pesquisa, Tim Lenton, da Universidade de Exeter. A conclusão é assentada em observações de mortes “sem precedentes” de recifes de corais.

É a primeira vez que cientistas declararam que a Terra praticamente atingiu o chamado “ponto de não retorno”, que pode disparar alterações massivas e permanentes na natureza.

O documento expõe os riscos detectados no ecossistemas do planeta e foi elaborado por 160 pesquisadores, liderados pela Universidade Britânica de Exeter, com contribuições do Instituto para Pesquisa sobre o Impacto Climático de Potsdam (PIK) e outras 85 instituições.

Evidências científicas

Nos últimos anos, as temperaturas dos oceanos subiram a níveis históricos e foram observados os episódios mais significativos de branqueamentos de corais — atingindo 80% deles.

O entendimento de pontos de não retorno foi melhorado desde o último relatório, disseram os autores, o que permite mais confiança ao estimar quando um deles vai disparar um “efeito dominó” em catástrofes e desastres irreversíveis.

Risco para além dos corais

Além disso, o documento inclui outros riscos crescentes que desafiam os ecossistemas do planeta, como o derretimento das geleiras e de pequenos campos de gelo, até a desaceleração das correntes oceânicas, o desaparecimento das capas de gelo polares e a pressão sobre florestas tropicais.

Os cientistas agora também acreditam que, mesmo em níveis de aquecimento menores do que 2 °C em relação aos níveis pré-industriais, a Floresta Amazônica pode atingir uma degradação generalizada.

As informações também impactam o Brasil, que até a terça-feira (14/10) recebe a chamada pré-COP em Brasília. Cerca de 50 delegações de diversos países participam da Reunião Ministerial Preparatória da 30ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, em preparação ao maior evento global de clima, que será realizado entre 10 e 21 de novembro deste ano em Belém, no Pará.

cs/ra (AFP, DW)