09/02/2023 - 7:01
Entre mil e 4 mil metros (m) de profundidade, uma corrente marinha transporta nutrientes e massas de água fria, mais salgada e rica em oxigênio desde o Mar do Labrador, na Groenlândia, até a Antártida. Em frente ao Recife, no platô de Pernambuco, a corrente se quebra em redemoinhos que giram no sentido anti-horário enquanto viajam milhares de quilômetros na direção sudoeste, até a costa do Espírito Santo, misturando águas e nutrientes.
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Já se conhecia a largura (aproximadamente 250 quilômetros) e a velocidade de translação (0,04 m por segundo) dos turbilhões, mas seus mecanismos de formação permaneciam incertos. Agora, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em colaboração com colegas da Austrália, França e Estados Unidos, mostraram que os redemoinhos resultam da interação entre a corrente marinha e o platô de Pernambuco (JGR: Oceans, 22 de dezembro). A conclusão se apoiou na análise de dados coletados entre 26 de fevereiro e 21 de março de 2002 pelo navio oceanográfico Antares, da Marinha brasileira, e em modelagem por computador.
“A identificação do mecanismo de quebra da corrente no platô de Pernambuco permite entender melhor os fluxos de calor e a oxigenação no fundo do Atlântico tropical”, comenta o oceanógrafo Felipe Vilela-Silva, da USP, principal autor do trabalho.
* Este artigo foi republicado do site Revista Pesquisa Fapesp sob uma licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o artigo original aqui.