04/09/2019 - 12:58
Nem mesmo os refrigerantes de baixa ou zero caloria se salvam, segundo pesquisa da University College Dublin (Irlanda): sejam essas bebidas adoçadas com açúcar ou adoçantes artificiais, todas aumentam o risco de mortalidade. O estudo foi publicado na revista “JAMA Internal Medicine”.
“A reformulação de refrigerantes (…) em que o açúcar é substituído por adoçantes de baixa ou nenhuma caloria está sendo impulsionada pela conscientização do consumidor e por instrumentos fiscais, como impostos”, escreveram Amy Mullee, professora assistente na Escola de Agricultura e Ciência de Alimentos da University College Dublin, e colegas. “Refrigerantes adoçados artificialmente têm poucas calorias ou nenhuma; no entanto, suas implicações fisiológicas e de saúde no longo prazo são amplamente desconhecidas.”
Os pesquisadores decidiram estudar os efeitos do consumo de refrigerantes na mortalidade usando dados de participantes de 10 países europeus. No total, 451.743 pessoas foram avaliadas.
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Os participantes foram inscritos de 1º de janeiro de 1992 a 31 de dezembro de 2000 e acompanhados entre dezembro de 2008 e dezembro de 2013. Eles relataram o número total de refrigerantes consumidos por mês, semana ou dia através de questionários autoaplicáveis. Também discriminaram o número de refrigerantes açucarados daqueles adoçados artificialmente.
A idade média dos participantes era de 50,8 anos. O seguimento médio dessas pessoas foi de 16,4 anos, período em que 41.693 delas morreram.
Índices sempre maiores
Comparado ao índice de mortalidade pelas mais variadas causas dos que bebiam menos de um refrigerante por mês, o dos demais foi sempre maior. As mortes por doenças circulatórias foram maiores entre aqueles que bebiam dois copos de refrigerantes adoçados artificialmente por dia ante aqueles que consumiam menos de um copo por mês.
Beber pelo menos um copo de refrigerante adoçado com açúcar por dia foi associado a um maior risco de morte por doenças digestivas em comparação com o consumo de menos de um copo por mês.
Além disso, os participantes com um índice de massa corporal (IMC) saudável que consumiram bebidas açucaradas ou adoçadas artificialmente apresentaram maior risco de morte. Os pesquisadores sugeriram que as associações entre consumo de bebida açucarada e mortalidade podem ser independentes de qualquer papel que a gordura corporal possa desempenhar.
“Para apoiar essa hipótese, foram encontradas associações positivas entre o total de refrigerantes, adoçados com açúcar e adoçados artificialmente, com mortes por todas as causas, doenças circulatórias e doenças digestivas entre os participantes com peso saudável”, escreveram os autores. “Esses resultados podem sugerir que os refrigerantes alteram o risco de mortalidade independentemente da adiposidade, possivelmente devido ao alto índice glicêmico dos refrigerantes açucarados, que elevam os níveis de glicose no sangue e podem, por sua vez, levar à resistência à insulina e à inflamação.”
Os autores alertam no texto que mais estudos são necessários para investigar os possíveis efeitos adversos à saúde dos adoçantes artificiais. Mas sua pesquisa reforça uma tendência importante em relação aos refrigerantes registrada em diversos países. “Os resultados deste estudo apoiam as campanhas de saúde pública em andamento destinadas a reduzir o consumo de refrigerantes”, concluíram Mullee e seus colegas.