Multidão jogou lama, pedras e objetos em comitiva da família real na região de Valência. Número de mortos na tragédia chega a 217.Uma visita do rei e da rainha da Espanha e do presidente espanhol, Pedro Sánchez, às áreas atingidas pelas enchentes em Valência, no leste do país, terminou em confusão neste domingo (03/11). Uma multidão atirou lama, pedras e objetos na comitiva, atingindo o rosto do rei Felipe VI e da rainha Letizia.

Centenas de voluntários e moradores de Paiporta interromperam a limpeza das ruas afetadas pela “enchente do século” que atingiu a Espanha na última terça-feira e protestaram contra as autoridades com gritos de “assassinos” e “fora, fora”. Na cidade, um um dos epicentros da tragédia, 62 pessoas morreram devido às chuvas.

No início da visita, um cabo de vassoura também foi arremessado na direção de Sánchez. Ele foi cercado por sua equipe de segurança, que abriu guarda-chuvas para proteger a comitiva da lama e das pedras atiradas pelos moradores.

Enquanto os profissionais tentavam montar um cordão de segurança ao redor do rei, uma unidade de cavalaria da polícia interveio para afastar os manifestantes. Ao menos um dos seguranças da rainha sofreu um ferimento visível na testa.

Pedro Sánchez acabou abandonando a comitiva por medidas de segurança, mas o rei Felipe VI insistiu por mais algum tempo em falar com as pessoas. Com o rosto e a roupa manchada de lama, ele continuou a caminhar por uma das principais ruas da cidade e conversou com moradores, mas também acabou deixando o local.

Os incidentes levaram as autoridades a suspender a visita do rei e da rainha à cidade de Chiva, que iriam na sequência.

Região deve receber mais chuvas

As tempestades de terça-feira despejaram em poucas horas a mesma quantidade de água prevista para cair em um ano. As enchentes destruíram pontes, arrastaram casas e centenas de veículos, o que agora está dificultando os serviços de emergência.

O número total de mortos nas inundações chegou a 217 neste domingo. O governo ainda não divulgou a quantidade de desaparecidos. Segundo Sánchez, esse é “o maior desastre natural da história recente da Espanha”.

Valência é a região mais atingida pela tempestade. Milhares de voluntários continuam o trabalho de limpeza de ruas, fornecimento de alimentos e busca por desaparecidos sob ameaça de mais chuva.

A Agência Estadual de Meteorologia (Aemet) manteve a região em alerta amarelo e laranja neste final de semana, o que indica a possibilidade de novas chuvas torrenciais.

“Haverá chuvas muito fortes e persistentes, inclusive nas áreas já afetadas pelas enchentes de 29 de outubro”, explicou Rubén del Campo, porta-voz da Aemet, em uma mensagem transmitida no Telegram da agência.

Outro foco dos trabalhos é um shopping center próximo ao vilarejo de Aldaia, que foi duramente atingido pela tragédia. A Unidade Militar de Emergência (UME) ainda está extraindo água e lama do estacionamento subterrâneo do local, onde se espera encontrar mais vítimas.

O número de agentes de segurança destacados para o trabalho de resgate aumentou. São cerca de 7,5 mil soldados e 9,4 mil policiais atuando na busca de sobreviventes.

gq (efe, afp, dw)