Pontífice costumava usar linguagem simples e direta ao se comunicar com católicos, que muitas vezes rompia o protocolo.O papa Francisco, que morreu na manhã desta segunda-feira (21/04), costumava usar uma linguagem simples e direta para mandar suas mensagens para os católicos e o mundo. O jesuíta argentino comandava a Igreja Católica desde 2013.

Relembre frases marcantes do seu papado:

Pobreza

“Como eu gostaria de uma Igreja pobre, para os pobres!” (16 de março de 2013, três dias após sua eleição)

Responsabilidade

“A Igreja não pode ser uma babá para os cristãos, deve ser uma mãe e é por esta razão que os laicos devem assumir as suas responsabilidades de batizados.” (17 de abril de 2013)

Não queria se papa

“Deus não teria abençoado alguém que quisesse, que tivesse vontade de ser Papa. Eu não queria ser Papa.” (7 de junho de 2013)

Homossexualidade

Em 2023, Francisco autorizou a bênção de casais do mesmo sexo e ao longo do seu papado emitiu sinais de tolerância em relação aos homossexuais, mas também foi enfático ao argumentar que se tratava de “um pecado”

“Se uma pessoa é gay, busca o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la? O Catecismo da Igreja Católica explica e diz que tais pessoas não devem ser marginalizadas e devem ser integradas à sociedade.” (29 de julho de 2013, no avião, quando voltava do Brasil)

“Na Igreja, são todos convidados, mesmo as pessoas divorciadas, mesmo as pessoas homossexuais, mesmo as pessoas transexuais.” (14 de janeiro de 2025)

“Deus fez-te assim. O papa ama-te assim.” (21 de agosto de 2018, dirigindo-se a um homossexual)

“Os homossexuais têm o direito a ter uma família. Eles são filhos de Deus. O que temos de ter é uma lei da união civil. Dessa forma, eles estão legalmente cobertos.” (21 de outubro de 2020)

“Ser homossexual não é um crime (…), mas é um pecado.” (25 de janeiro de 2023)

Oração soporífera

“Eu também, quando oro, às vezes acabo dormindo.” (31 de outubro de 2017 durante entrevista na televisão)

Amazônia

“O grito dos pobres, junto ao grito da Terra, veio da Amazônia. Depois dessas três semanas não podemos fazer de conta de não tê-lo ouvido.” (27 de outubro de 2019 durante o Sínodo sobre a Amazônia, no Vaticano)

Missa sem celular

“Eu fico muito triste quando celebro a missa aqui na praça ou na basílica e vejo tantos telefones erguidos. Não apenas dos fiéis, como também de alguns sacerdotes e, inclusive, bispos. Por favor! A missa não é um espetáculo.” (8 de novembro de 2017)

A cúria

“Os chefes da Igreja foram, muitas vezes, narcisistas, adulados pelos cortesãos. A Cúria é a lepra do papado.” (1 de outubro de 2013)

Em 2014, o papa apresentou uma lista de 15 “doenças” que ameaçam os prelados da cúria (os órgãos de governo da Igreja), como o “Alzheimer espiritual”, “a petrificação mental e espiritual”, “o coração de pedra”, o “excesso de planejamento e funcionalismo”, a “rivalidade e a vaidade”, a “esquizofrenia existencial”, a patologia da “fofoca” e da “intriga”, a da “indiferença para com os demais” e a do “rosto sombrio”. (22 de dezembro de 2014 em sua mensagem de Natal à cúria)

Europa envelhecida

“De vários lados se colhe uma impressão geral de cansaço, de envelhecimento, de uma Europa avó que já não é fecunda nem vivaz. (25 de novembro de 2014 perante os eurodeputados em Estrasburgo, França)

Aborto

“É justo contratar um matador de aluguel para resolver um problema? Não é justo. Não podemos eliminar um ser humano, mesmo que pequeno, para resolver um problema”, afirmou durante uma homilia dedicada ao mandamento “Não matarás”, na qual se referiu ao aborto. (10 de outubro de 2018)

“No século passado, o mundo inteiro ficou escandalizado com o que os nazistas fizeram para para preservar a pureza da raça. Hoje, fazemos o mesmo com luvas brancas”, declarou o papa ao criticar do aborto em caso de malformação do feto. (16 de junho de 2018)

“Não se deve esperar que a Igreja Católica mude a sua posição [sobre o aborto].” (26 de novembro de 2013)

Pedofilia

“Devemos ser muito duros [com crimes de pedofilia praticados por alguns padres]! Com as crianças não se brinca.” (11 de abril de 2014)

Guerra

“Não se pode praticar o ódio em nome de Deus! Não se faz a guerra em nome de Deus!” (10 de agosto de 2014, falando sobre o conflito no Iraque)

“Continuamos a rezar pela martirizada Ucrânia e pelo povo da Palestina e de Israel. A paz é possível, é necessária boa vontade. A paz é possível, não nos resignemos à guerra. A guerra é sempre, sempre, sempre uma derrota. Só os fabricantes de armas ganham.” (19 de novembro de 2023)

Consumismo

“É uma doença grande, o consumismo, nos dias de hoje. Não digo que todos façamos isso, não, mas o consumismo, gastar mais do que o que precisamos, uma falta de austeridade de vida, tudo isto é inimigo da generosidade.” (26 de novembro de 2018)

“O Homem tornou-se ávido e ganancioso. Ter, acumular coisas, parece ser para muitas pessoas o sentido da vida.” (24 de dezembro de 2018)

Holocausto

“Perante esta enorme tragédia, atrocidade, não é admissível a indiferença e é um dever a memória. Que cada um diga ao seu próprio coração: Nunca mais!” (26 de janeiro de 2020, ao recordar os 75 anos da libertação do campo extermínio de Auschwitz-Birkenau)

Pandemia de covid-19 e vacinas

“A pandemia do coronavírus despertou-se bruscamente para um perigo ainda maior que sempre existiu na Humanidade: O delírio da omnipotência.” (10 de abril de 2020)

“Hoje penso sobretudo em quantos foram atingidos diretamente pelo coronavírus: os doentes, os que morreram e os familiares que choram a partida dos seus queridos e por vezes sem conseguir sequer dizer-lhes o último adeus.” (12 de abril de 2020)

“Acredito que, do ponto de vista ético, todos devem ser vacinados. É uma escolha ética, pois o que colocamos em risco é a nossa saúde, a nossa vida, mas também a vida dos outros.” (9 de janeiro de 2021)

Brasil

“Vocês já têm um Deus brasileiro, queriam um papa brasileiro também?” (22 de julho de 2013, durante uma entrevista a jornalistas brasileiros)

“Vocês não têm salvação. É muita cachaça e pouca oração.” (27 de maio de 2021, brincando ao ser abordado por um padre brasileiro no final de uma audiência)

Violência contra a mulher

“Quanta violência se faz contra as mulheres. Chega. Ferir uma mulher é ultrajar a Deus, que tomou a humanidade de uma mulher.” (1 de janeiro de 2022)

Família

“Os cães e os gatos ocupam o lugar dos filhos. Esta negação da paternidade tira a humanidade.” (6 de janeiro de 2022)

Guerra na Ucrânia

“Rios de sangue e lágrimas correm na Ucrânia, esta não é apenas uma operação militar, mas uma guerra que semeia morte, destruição e miséria.” (6 de março de 2022)

“A agressão violenta contra a Ucrânia não para. Um massacre sem sentido em que as atrocidades se repetem todos os dias e não há uma justificação para isso. Peço aos atores da comunidade internacional que se comprometam em acabar com esta guerra repugnante.” (20 de março de 2022)

Guerra em Gaza

“Por favor, façam tudo o que for possível para evitar uma catástrofe humana [na Faixa de Gaza].” (18 de outubro de 2023)

“[O que se passa em Israel e na Palestina] não é uma guerra, mas terrorismo.” (22 de novembro de 2023)

“Ontem, crianças foram bombardeadas. Isto não é uma guerra. É crueldade.” (21 de dezembro de 2024, após um bombardeio israelense que causou a morte de 25 crianças em Gaza)

jps (AFP, Lusa, ots)