17/04/2025 - 19:01
Com a recente “desextinção” dos lobos-terríveis promovida pela Colossal Biosciences, o tema da recuperação de espécies erradicadas voltou a agitar discussões. A empresa alegou, inclusive, que ainda pretende “reviver” outros animais, como mamutes-lanosos e a ave dodô.
Apesar da empolgação inicial, o feito da Colossal Biosciences tem gerado problematizações entre a comunidade científica, seja pelas implicações éticas ou pelo rigor metodológico. Segundo diversos especialistas, o nascimento dos lobos-terríveis não pode ser considerado um “renascimento” da classe, já que os filhotes foram gerados a partir de modificações genéticas de uma espécie já existente (lobos-cinzentos).
Dessa forma, no quesito de recuperação de animais extintos, há duas alternativas principais: replicar, por meio de DNA, espécies erradicadas ou reencontrar na natureza animais já declarados extintos.
Reviver x reencontrar
Há diferenças muito significativas entre a recuperação de espécies por modificações genéticas e a redescoberta de seres que, teoricamente, estavam extintos.
A experiência que “reviveu” os lobos-terríveis se encaixa no primeiro caso, já que utilizou o parente vivo mais próximo da espécie extinta como abrigo para DNA modificado. Em suma, trata-se de um lobo-cinzento com características de lobo-terrível.
Os caninos, porém, não são o primeiro caso de ressuscitação genética da história. Em 2003, um filhote de bucardo – espécie extinta de cabra das montanhas – foi gerado a partir da clonagem de células. Apesar do nascimento bem sucedido, o animal faleceu poucos minutos após a chegado ao mundo.
A outra possibilidade de “desextinção” ocorre quando uma espécie que já havia sido declarada por cientistas como erradicada volta a ser encontrada na natureza. Há casos em que um animal fica vários anos sem ser avistado, até que são redescobertos e têm o quadro de extinção revertido.
Lista Vermelha: entenda os níveis de extinção
A Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, criada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), é um termômetro universal para categorizar os níveis de ameaça que um animal enfrenta.
São sete classificações principais para as espécies:
– Extinta (EX) – nenhum indivíduo vivo
– Extinta na natureza (EW) – a espécie só existe em cativeiro
– Criticamente ameaçada (CR) – risco extremamente elevado de extinção na natureza
– Em perigo (EN) – risco muito elevado de extinção na natureza.
– Vulnerável (VU) – risco elevado de extinção na natureza.
– Quase ameaçada (NT) – perto de ser classificada como ameaçada ou é provável que se torne ameaçada no futuro próximo
– Menos preocupante (LC) – espécie não ameaçada e com população estável ou em crescimento
Existem ainda os níveis Dados Insuficientes (DD) e Não Avaliada (NE), que especificam quando não há informações para avaliar o risco de extinção da espécie.
Animais ‘extintos’ que foram reencontrados na natureza
Tartaruga Gigante de Fernandina: considerada extinta por quase 100 anos e redescoberta nas Ilhas Galápagos em 2019.
Inseto-graveto-da-ilha-de-Lord Howe: considerado o inseto mais raro do mundo, foi declarado extinto em 1930 e redescoberto em 2011, numa colônia de apenas 30 exemplares.
Caranguejo de Serra Leoa: não era visto desde 1955, foi considerado extinto, mas foi redescoberto em 2021
Rolinha-do-planalto: foi considerada extinta por mais de 75 anos, até ser redescoberta em 2015. Ainda sofre ameaça de extinção pela degradação do Cerrado, seu habitat natural.
Petrel-das-Bermudas: Essas aves noturnas foram declaradas extintas há 330 anos até que, em 1951, foram encontrados 18 casais do animal.