A vitória não é excepcional, mas tem grande relevância: um remédio experimental para a doença de Alzheimer mostrou resultados promissores ao retardar o declínio cognitivo durante 18 meses. É um dos primeiros testes bem-sucedidos para o tratamento dessa moléstia. A novidade foi apresentada pelas empresas Biogen e Eisai na última terça-feira (27 de setembro). Ingerido duas vezes por semana, o medicamento, denominado lecanemab, conseguiu reduzir em mais de 25% o progresso da doença de Alzheimer em pacientes em seus estágios iniciais na comparação com pacientes que ingeriram placebo.

O lecanemab é um tratamento com anticorpos protofibrilas antibeta-amiloide (Aβ) que tem como alvo placas de proteínas mal dobradas no cérebro, as quais levariam ao comprometimento cognitivo observado em casos de demência como a doença de Alzheimer.

“(…) os resultados do estudo lecanemab Clarity AD comprovam a hipótese amiloide, na qual o acúmulo anormal de Aβ no cérebro é uma das principais causas da doença de Alzheimer, quando direcionado a uma terapia de ligação de protofibrilas”, disse Haruo Naito, presidente da Eisai, em comunicado. “A Eisai acredita que essas descobertas criarão novos horizontes no diagnóstico e tratamento da doença de Alzheimer, além de ativar ainda mais a inovação para novas opções de tratamento”.

Desaceleração considerável

“É importante ressaltar que o estudo mostra que a remoção da beta-amiloide agregada no cérebro está associada a uma desaceleração da doença em pacientes no estágio inicial da doença”, afirmou Michel Vounatsos, presidente da Biogen, em comunicado.

Quase 1.800 pessoas com placas amiloides no cérebro participaram do estudo. O resultado constatado foi uma desaceleração considerável da progressão da doença: após 18 meses, observou-se uma redução de 27% no declínio cognitivo em comparação com o placebo. Resultados significativos já puderam ser constatados a partir dos seis meses.

Houve efeitos colaterais em cerca de um quinto dos pacientes, como inchaço cerebral ou sangramento cerebral visível em exames de tomografia por emissão de pósitrons. Cerca de 3% desses pacientes apresentaram efeitos colaterais sintomáticos.

Após os resultados obtidos na fase 3 de testes, as empresas responsáveis pelo lecanemab tentam agora obter a aprovação das agências reguladoras dos Estados Unidos e do Japão.