Meta das conversas no Egito, incluindo representantes de Catar e EUA, seria uma trégua antes do feriado muçulmano Ramadã. Segundo fonte americana, Tel Aviv já teria aceitado a proposta, e “a bola está no campo do Hamas”.Delegações internacionais chegaram neste domingo (03/03) à capital egípcia, Cairo, para retomar as negociações entre Israel e o grupo islâmico palestino Hamas, que controla parte da Faixa de Gaza. A meta é uma trégua de seis semanas.

Fontes palestinas confirmaram a chegada de representantes do Catar e dos Estados Unidos, bem como de uma equipe de negociação do Hamas, que no entanto seria chefiada pelo número dois da organização, Jalil al Hayya, e não pelo líder do gabinete político do grupo, Ismail Haniyeh.

Até o momento não foi possível confirmar a presença de uma delegação israelense, apesar de fontes egípcias de alto escalão, citadas pela emissora de televisão Al Qahera News, terem garantido que a nova rodada de conversas no Cairo teria a participação de “todas as partes”.

“As reuniões do Cairo visam encontrar uma fórmula aceitável para Hamas e Israel alcançarem um cessar-fogo em meio à crescente pressão para fazê-lo antes do início do Ramadã”, informaram as fontes palestinas. O mês de jejum muçulmano se inicia entre 10 e 11 de março.

A Al Qahera News, associada aos serviços de inteligência egípcios, relatou a realização de “progressos notáveis” nas conversas do fim de fevereiro em Doha.

“A bola está no campo do Hamas”

Neste sábado, sob condição de anonimato, um alto funcionário do governo dos EUA declarou a repórteres que Israel havia “mais ou menos aceito” uma proposta para um cessar-fogo de seis semanas em sua guerra contra o Hamas.

Ainda segundo a fonte americana, a trégua se iniciaria imediatamente, se o Hamas concordasse em libertar “certas categorias de reféns vulneráveis”: doentes, feridos, idosos e mulheres. “No momento, a bola está no campo do Hamas”, arrematou.

O Hamas insiste para que uma trégua temporária seja acompanhada de um acordo para a cessação das hostilidades numa segunda fase, o que esbarra em oposição frontal de Israel, determinado a continuar sua ofensiva terrestre na cidade de Rafah, no extremo sul da Gaza, na fronteira com o Egito, onde se acumulam mais de 1,4 milhão de deslocados.

Também no sábado os EUA iniciaram o lançamento aéreo de alimentos e pacotes médicos na Faixa de Gaza. As condições humanitárias na região sob ataque são deploráveis: segundo o Ministério da Saúde do território palestino, mais de dez crianças morreram de desnutrição nos últimos dias.

O atual conflito entre Israel e o Hamas – iniciado em 7 de outubro de 2023, com uma série de ataques mortais em território de Israel – já matou mais de 30 mil palestinos e 1.200 israelenses. Durante a única trégua desde então, de uma semana, no fim de novembro, foram libertados 105 reféns israelenses em troca de 240 prisioneiros palestinos.

av (AFP,AP,EFE)