27/05/2021 - 12:43
Nova pesquisa do astrônomo Daniel Wang, da Universidade de Massachusetts Amherst (EUA), revela, com clareza sem precedentes, detalhes de fenômenos violentos no centro de nossa galáxia. As imagens, publicadas na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, documentam uma linha de raios X, denominada G0.17-0.41, que sugere um mecanismo interestelar até então desconhecido capaz de governar o fluxo de energia e, potencialmente, a evolução da Via Láctea.
“A galáxia é como um ecossistema”, diz Wang, professor do departamento de astronomia da UMass Amherst, cujas descobertas são resultado de mais de duas décadas de pesquisa. “Sabemos que os centros das galáxias estão onde está a ação e desempenham um papel enorme em sua evolução.”
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No entanto, o que quer que tenha acontecido no centro da Via Láctea é difícil de estudar, apesar de sua relativa proximidade da Terra. Isso ocorre porque, como explica Wang, ele está obscurecido por uma densa névoa de gás e poeira. Os pesquisadores simplesmente não conseguem ver o centro, mesmo com um instrumento tão poderoso quanto o telescópio espacial Hubble.
Resultados impressionantes
Wang, no entanto, usou um telescópio diferente, o Observatório de Raios X Chandra, da Nasa. Ele vê raios X, em vez dos raios de luz visível que percebemos com nossos próprios olhos. Esses raios X conseguem penetrar na névoa que obscurece – e os resultados são impressionantes.
As descobertas de Wang fornecem a imagem mais nítida de um par de plumas emissoras de raios X que estão emergindo da região próxima ao enorme buraco negro situado no centro de nossa galáxia. Ainda mais intrigante é a descoberta de um fio de raios X denominado G0.17-0.41, localizado próximo à pluma ao sul. Esse segmento revela um novo fenômeno, diz Wang. É a evidência de um evento de reconexão de campo magnético em andamento. O fio, escreve Wang, provavelmente “representa apenas a ponta do iceberg da reconexão”.
Um evento de reconexão de campo magnético é o que acontece quando dois campos magnéticos opostos são forçados a se juntar e se combinam, liberando uma enorme quantidade de energia. É um processo violento, diz Wang, e conhecido por responder por fenômenos bem conhecidos como erupções solares, capazes de interromper as redes de energia e os sistemas de comunicação na Terra. Elas também produzem as espetaculares auroras boreais. Os cientistas agora pensam que a reconexão magnética também ocorre no espaço interestelar e tende a ocorrer nas fronteiras externas das plumas em expansão expulsas do centro da Via Láctea.
Qual é a quantidade total de saída de energia no centro da galáxia? Como ela é produzida e transportada? E como ela regula o ecossistema galáctico? Essas, diz Wang, são as questões fundamentais cujas respostas ajudarão a desvendar a história de nossa galáxia. Embora ainda haja muito trabalho a ser feito, o novo mapa de Wang aponta o caminho.