27/05/2019 - 22:15
De acordo com um novo estudo global, o primeiro de seu tipo, baseado em dados coletados em rios de 72 países do mundo todo, as águas de todas as partes do planeta estão contaminadas por antibióticos. Pesquisadores da Universidade de York, no Reino Unido, analisaram as amostras de 711 locais e descobriram que os antibióticos estavam presentes em 65% deles.
Foram avaliados os rios mais conhecidos do mundo, incluindo o Chao Phraya, Danúbio, Mekong, Sena, Tâmisa, Tibre e Tigre. Embora os limites de segurança tenham sido mais frequentemente ultrapassados no mundo em desenvolvimento, dados de locais na Europa, América do Norte e América do Sul mostram que a contaminação por antibióticos é um “problema global”, de acordo com os pesquisadores.
Esses níveis seguros podem variar de 20 mil a 32 mil nanogramas por litro (ng/l), dependendo do antibiótico, de acordo com as novas diretrizes estabelecidas pela AMR Industry Alliance, uma coalizão de empresas de biotecnologia, diagnósticos e farmacêuticos, criada para fornecer soluções sustentáveis para refrear resistência antimicrobiana.
Níveis perigosos de contaminação foram encontrados com mais frequência na Ásia e na África, como em Bangladesh, Quênia, Gana, Paquistão e Nigéria, onde os níveis de segurança foram amplamente excedidos. O pior caso foi em Bangladesh, onde as concentrações do medicamento Metronidazole – que é usado para tratar infecções bacterianas, incluindo infecções de pele e boca – excederam os níveis de segurança em até 300 vezes.
Pesquisadores descobriram que locais de alto risco eram tipicamente próximos a estações de tratamento de esgoto, depósitos de lixo ou esgoto e em algumas áreas de turbulência política.
No mês passado, as Nações Unidas classificaram a resistência a antibióticos, antivirais, antifúngicos e antiprotozoários como uma “crise global”. Isso porque, as doenças resistentes a medicamentos causam pelo menos 700 mil mortes em todo o mundo por ano, incluindo 230 mil mortes por tuberculose multirresistente, de acordo com um relatório do Grupo de Coordenação Interagências sobre Resistência Antimicrobiana das Nações Unidas. Os autores do relatório da ONU estimam que até 20 milhões de pessoas por ano podem morrer de doenças resistentes aos medicamentos até 2030, se não houver uma ação global conjunta.