Milhares de pessoas acompanharam consagração de pinturas na nova Catedral Nacional em Bucareste. Projeto, que se estendeu por 15 anos e contou com investimentos públicos, não foi livre de críticas.Milhares de peregrinos se reuniram na capital da Romênia neste domingo (26/10) para acompanhar a consagração de pinturas religiosas dentro da maior igreja cristã ortodoxa do mundo.

A Catedral da Salvação do Povo, conhecida como Catedral Nacional, foi inaugurada em Bucareste após 15 anos de construção, com a presença de fiéis e autoridades.

Em seu ponto mais alto, a catedral tem mais de 125 metros de altura (equivalente a 41 andares) e capacidade interna para 5.000 fiéis. É tanto a mais alta quanto a maior (em volume) igreja ortodoxa do mundo.

O interior da catedral foi revestido com afrescos e mosaicos representando santos e ícones, que cobrem uma área de 17.800 metros quadrados, de acordo com o site da Catedral Nacional.

A cerimônia de domingo contou com a presença do presidente Nicusor Dan e do primeiro-ministro Ilie Bolojan. Muitos fiéis assistiram pela TV instalada do lado de fora da catedral.

A nova igreja está situada atrás do imponente Palácio do Parlamento, construído pelo antigo ditador comunista Nicolae Ceausescu, que tentou suprimir a vida religiosa na Romênia até sua deposição e execução em 1989.

A construção da catedral começou em 2010, e seu altar foi consagrado em 2018. Algumas obras ainda precisam ser concluídas.

A Romênia, com 19 milhões de habitantes, é um dos países mais devotos da União Europeia, com cerca de 85% da população se identificando como religiosa.

Até agora, a construção do templo já consumiu cerca de 270 milhões de euros (R$ 1,7 bilhão), com a maior parte vindo dos cofres públicos.

Com um dos maiores déficits orçamentários da UE, houve certa insatisfação com o custo do projeto. Críticos lamentaram que a enorme igreja tenha consumido fundos públicos, que poderiam ter sido gastos em escolas ou hospitais.

A inauguração também ocorre paralelamente a um momento político tenso no país, que permanece dividido por disputas entre nacionalistas mais devotos e conservadores e liberais pró-UE com tendências ocidentais. A crise teve como ápice o cancelamento de uma eleição presidencial no ano passado.

Mas, em meio a essas disputas, a Igreja Ortodoxa é uma das raras instituições encaradas pela população como um fator de união e uma das instituições mais confiáveis do país, segundo uma pesquisa da Inscop Research.

Daniel Codrescu, que passou sete anos trabalhando nos afrescos e mosaicos, disse que grande parte da iconografia foi inspirada em pinturas medievais romenas e outras do mundo bizantino.

“Foi uma colaboração complexa com a igreja, com historiadores de arte, com artistas e também com nossos amigos da arte contemporânea”, disse ele. “Espero que (a igreja) tenha um impacto muito importante na sociedade porque é um espaço público.”

Claudiu Tufis, professor associado de ciências políticas da Universidade de Bucareste, avaliou que o projeto foi um “desperdício de dinheiro público”, mas afirmou que poderia oferecer um “impulso ao orgulho e à identidade nacional” para vários romenos.

jps (AP, ots)