Cientistas alemães e austríacos usaram tomografia computadorizada e recursos digitais para reconstruir o rosto de um menino com idade entre 3 e 4 anos que foi mumificado durante o período greco-romano (332 a.C.-395 d.C.) no Egito. A reconstituição em 3D obtida carrega uma semelhança impressionante com o retrato em sua múmia. O estudo foi publicado na revista “PLOS One” e abordado nos portais LiveScience e IFLScience.

Os retratos de múmias faziam parte de uma tradição que retratava a semelhança dos falecidos quando vivos e eram colocados em seus caixões. Dos cerca de mil retratos de múmias da época greco-romana, apenas 100 estavam afixados à múmia. Alguns retratavam o indivíduo com precisão, mas outros não se pareciam nada com o retrato.

Para o recente estudo, o primeiro a investigar a semelhança de um retrato com uma criança, os pesquisadores escolheram a múmia de um menino encontrada na década de 1880 em um cemitério próximo à pirâmide de Hawara, a sudoeste do Cairo. A múmia de 78 centímetros de comprimento, que data de algum tempo entre 50 a.C. e 100 d.C., agora está abrigada no Museu Egípcio de Munique.

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Os cientistas produziram uma tomografia computadorizada de corpo inteiro da múmia infantil. Radiografias feitas em 1984 e uma tomografia computadorizada recente foram usadas ​​para reconstruí-la digitalmente em 3D. O menino em questão provavelmente morreu de uma infecção pulmonar, como pneumonia.

A múmia do menino, com o corpo envolto e o retrato por cima. Crédito: Nerlich AG et.al. (2020)/PLOS One
“Envelhecimento”

Depois de fazer um modelo 3D do crânio, a equipe adicionou o tecido facial macio, reconstruiu o nariz e adicionou o penteado retratado no retrato da múmia. O resultado ficou muito parecido.

Embora as características sejam bem semelhantes, observou-se que o retrato parece ter envelhecido a criança além da idade real, o que poderia ser uma convenção artística na época. “Em um nível subjetivo, o retrato parece um pouco ‘mais velho’, escrevem a equipe. “Em um nível biométrico, a largura do nariz e da boca são menores no retrato do que no rosto, o que pode explicar a diferença percebida na idade.”

“O retrato mostra traços um pouco ‘mais envelhecidos’, que podem ter sido resultado de uma convenção artística da época”, disse ao LiveScience Andreas Nerlich, diretor do Instituto de Patologia da Clínica Acadêmica de Munique-Bogenhausen, na Alemanha, e líder do estudo.

“A comparação entre o retrato e a reconstrução facial sugere fortemente que o retrato representava o falecido como ele realmente era”, escrevem os autores. “Portanto, deve ter sido feito logo após sua morte – possivelmente com a ajuda de esboços preliminares. O próprio retrato presumivelmente seguia certas especificações ou normas artísticas. Isso pode ter resultado em o rosto da pessoa parecer mais velho do que sua idade real. Uma vez que só podemos fornecer um único caso, ainda não foi determinado se ele é único ou parte de um fenômeno geral. Estudos futuros resolverão essa questão.”