05/08/2022 - 15:33
Agências de notícias russas informaram que ucranianos teriam disparado contra central de Zaporíjia, ocupada pelos invasores desde março. Ucrânia diz que foram os próprios russos que bombardearam a área.Moscou e Kiev trocaram acusações após um bombardeio à usina nuclear de Zaporíjia, na Ucrânia, a maior da Europa, atualmente sob controle russo.
Agências de notícias russas informaram nesta sexta-feira (05/08) que o exército ucraniano teria disparado contra as instalações, citando como fonte os ocupantes russos que controlam o local desde que a usina foi tomada, em março. Segundo as agências, duas linhas de energia foram cortadas e houve um incêndio. As informações não puderam ser verificadas de forma independente pela DW.
A Ucrânia, por sua vez, afirma que os próprios russos bombardearam a área. Como resultado dos ataques, uma linha de alta tensão para a usina termelétrica vizinha foi danificada, de acordo com a estatal ucraniana Energoatom, operadora da usina nuclear antes da invasão russa. Um dos reatores da usina nuclear teria sido fechado.
Situação alarmante
Há poucos dias, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) manifestou preocupação com a situação em torno da usina de Zaporíjia, que com os seis reatores em funcionamento é capaz de gerar 6.000 megawatts – no momento, três reatores estão em operação.
Uma inspeção para verificar a segurança técnica é urgentemente necessária, segundo Rafael Grossi, diretor-geral da AIEA. Ele planeja uma viagem técnica ao local, mas o acesso é impossível sem o acompanhamento das forças de paz da ONU, razão pela qual Grossi está com contato com o secretário-geral da ONU, António Guterres.
O serviço secreto britânico também informou recentemente que chegou à conclusão de que é “altamente provável” que as ações das forças armadas russas coloquem em risco a segurança da usina.
Segundo especialistas, se a usina perder a energia da rede devido a um potencial aumento de combates na região, os geradores e baterias de backup não seriam suficientes para resfriar os seis reatores e os grandes reservatórios de combustível altamente radioativo.
Somam-se a essas preocupações as suspeitas de que as forças russas estariam usando Zaporíjia como depósito de armas e cobertura para o lançamento de ataques.
Incêndio anterior
Em 4 de março, a Europa acordou em pânico devido à possibilidade de um desastre nuclear. Zaporíjia pegou fogo após ser alvo de bombardeios russos, no começo da Invasão da Ucrânia pela Rússia. O incêndio começou entre 3h e 4h no horário local e foi controlado em torno de duas horas e meia depois. Não houve vítimas.
“Se explodir, será dez vezes maior que Chernobyl! Os russos devem imediatamente para os ataques, permitir [o trabalho dos] bombeiros, estabelecer uma zona de segurança”, escreveu na época, no Twitter, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba.
le (ots)