Ideia está sendo desenvolvida com a China e serviria para abastecer futuras bases lunares, afirma o chefe da agência espacial russa. Estados Unidos também avaliam projetos para uma usina nuclear no satélite.Moscou planeja contribuir com sua experiência na área de “energia nuclear espacial” para um programa lunar conjunto com Pequim que inclui construir uma usina nuclear na Lua, disse o chefe da Roskosmos, a agência espacial russa, Yuri Borisov, nesta terça-feira (05/03).

Borisov afirmou que os painéis para obtenção de energia solar não seriam suficientes para garantir um fornecimento confiável de eletricidade a bases lunares. Como as noites lunares duram 14 dias terrestres, depender exclusivamente da energia solar traz riscos tanto para as missões lunares tripuladas quanto para as não tripuladas.

“Estamos considerando seriamente um projeto para entregar e instalar uma unidade de energia na superfície lunar – em algum momento entre 2033 e 2035 – junto com nossos colegas chineses”, disse Borisov em um evento para jovens.

Alguns observadores nos EUA especularam que a Rússia estaria planejando usar um novo tipo de arma nuclear contra satélites. Mas o chefe da Roskosmos, que assumiu o comando do órgão em 2022, insistiu que a Rússia não tinha planos de instalar armas nucleares no espaço.

Uma usina nuclear na Lua precisaria ser construída por máquinas, acrescentou Borisov, dizendo que já havia soluções técnicas utilizáveis para o projeto.

Cooperação espacial entre Rússia e China

Em março de 2021, Moscou e Pequim assinaram um acordo sobre a construção de uma estação internacional lunar, e três meses depois apresentaram um roteiro para isso.

A China tem seu próprio programa de exploração lunar, e a sonda não tripulada Chang'e-6 deve ser lançada em maio para coletar amostras de rochas.

Já o programa espacial russo vem sofrendo reveses. Sua primeira missão lunar em 47 anos fracassou no ano passado, depois que a espaçonave russa Luna-25 ficou fora de controle e caiu.

Estados Unidos também avaliam plano

A proposta de usar reatores nucleares para abastecer futuras colônias lunares também é cogitada pela agência espacial americana, a Nasa.

Poucos meses depois de a missão Apollo 11 ter colocado humanos na Lua em 1969, os astronautas da Apollo 12 usaram um gerador nuclear para fornecer eletricidade para experimentos científicos na superfície do satélite.

A questão do fornecimento de energia no espaço está se tornando mais crucial à medida que a Nasa prossegue com seu plano de levar pessoas à Lua em sua missão Artemis, com o primeiro pouso programado para 2026.

Em 2022, a Nasa anunciou que estava cooperando com o Departamento de Energia dos EUA para selecionar “propostas conceituais” para um sistema de energia nuclear “que poderia estar pronto para ser lançado até o final da década”.

bl/cn (dpa, Reuters, Interfax)