12/04/2025 - 9:14
Segundo o secretário-geral da aliança, Moscou estaria cogitando atacar satélites com armas nucleares, contrariando tratado internacional de 1967 que proíbe uso de armas de destruição em massa no espaço.A Otan, aliança militar do Ocidente, teme que a Rússia comece a travar guerras também no espaço, atacando satélites com armas nucleares. Tal cenário, embora não constituísse uma ameaça direta à Terra, poderia provocar um caos em muitos sistemas cuja operação depende dessa tecnologia.
A informação partiu do secretário-geral da entidade, Mark Rutte, em entrevista ao jornal alemão Welt am Sonntag publicada neste sábado (12/04).
“Sabemos de relatos de que a Rússia está avaliando a possibilidade de posicionar armas atômicas no espaço”, disse Rutte.
Segundo ele, uma medida dessas significaria, na prática, a violação do Tratado sobre Exploração e Uso do Espaço Cósmico de 1967, do qual a Rússia e os Estados Unidos são signatários. O uso de armas de destruição em massa no espaço seria uma quebra do acordo, que prevê o uso pacífico do cosmos.
Rutte afirmou que a aliança militar está se preparando para tal cenário: “Os aliados da Otan se adaptam aos desafios no espaço, que incluem o compartilhamento de informações de inteligência e a estruturação de centrais de comando espaciais, mas também o desenvolvimento de satélites menores, mais fáceis de manobrar e mais bem protegidos.”
O chefe da Otan disse que as atuais capacidades de Moscou no espaço são ultrapassadas e não se comparam às do Ocidente, mas sugeriu que isso poderia mudar com o desenvolvimento de armas nucleares para o espaço.
Rutte frisou que a competição no cosmos se acirrou nos últimos anos – não só na esfera comercial como também de defesa –, tornando-o mais ocupado, perigoso e imprevisível.
Segundo o Welt, a Otan decidiu em 2021 que a cláusula que estabelece o compromisso dos membros da aliança com a defesa uns dos outros também vale para ataques no espaço ou vindos do espaço.
O artigo 5 da Otan diz que um ataque armado a um ou mais de seus membros é considerado um ataque à aliança como um todo. Até hoje, essa cláusula só foi invocada uma única vez, em apoio aos Estados Unidos após o ataque terrorista contra as torres gêmeas em 11 de setembro de 2001.
Otan vai aumentar vigilância sobre o Ártico
Rutte também afirmou ao Welt que a aliança aumentará sua vigilância por satélite do Polo Norte.
“Vemos como a China e a Rússia usam os novos caminhos marítimos e militarizam partes do Ártico com frequência cada vez maior”, disse. “Satélites podem nos ajudar a monitorar movimentações em terra e no mar, e ao mesmo tempo asseguram que nossas tropas tenham uma comunicação segura e resiliente.”
ra (dpa, AFP, Reuters)