Durante muito tempo acreditou-se que os fiordes noruegueses abrigassem uma vida marinha escassa e restrita a poucas espécies. A alta pressão, as baixas temperaturas e a ausência de luz nas águas profundas seriam fatores limitadores da diversidade animal. Pesquisas recentes, porém, começam a descortinar um cenário diferente. Novas espécies vêm sendo descobertas – inclusive, em áreas menos fundas, encontraram- se bancos de coral, que se supunha existirem apenas em águas quentes e luminosas dos trópicos.

 

A bela vila de Geiranger, no final do fiorde de mesmo nome.

 

Os corais dos fiordes dão suporte e abrigo a uma infinidade de seres marinhos sedentários, como lagostas, caranguejos e peixes com “domicílio fixo”, que não se afastam das tocas. Além dessas espécies, há os peixes de curso, que nadam por mares abertos e têm maior porte, como tainhas, peixesescorpião, linguados e tubarões. Esses frequentam os bancos coralinos para se alimentar das espécies sedentárias. Por último há os animais de grande porte, como as baleias-piloto e as orcas, que adentram os fiordes para perseguir e encurralar os cardumes dos quais se alimentam.

Os santuários gélidos da vida marinha surgiram há 12 mil anos, a partir da intensa erosão das montanhas pela ação do gelo. Em condições normais, 12 mil anos é pouco tempo para a formação de acidentes geográficos da magnitude dos fiordes, mas a pressão descomunal das geleiras descendo inexoravelmente em direção ao mar conseguiu escavar na rocha, rapidamente, canais profundos e estreitos.

Esse é o caso do Sognefjorden, o segundo maior fiorde do mundo e primeiro da Noruega, com 215 quilômetros de extensão do mar até seu final, que chega a ter, em certos pontos, incríveis 1.350 metros de profundidade. Encurralado por paredes abruptas que assomam mais de 800 metros de altura do nível da água para cima, oferece uma visão impressionante.

Fiordes são ocorrências raras em escala mundial, porém abundantes na Noruega. Existem também no Chile, na Nova Zelândia, na Groenlândia, na Islândia e na Suécia. Surgem em regiões peculiares, em geral, vales aprisionados entre montanhas abruptas, que abrigam vilas bucólicas e estradas estreitas, ziguezagueantes e empoleiradas em encostas inclinadíssimas, junto com incontáveis cachoeiras que despencam por centenas de metros, fruto do degelo cíclico dos glaciares das cotas elevadas das montanhas.

Bergen, a segunda maior cidade da Noruega, com apenas 260 mil habitantes, situa- se a poucos quilômetros da embocadura de alguns dos maiores fiordes do planeta. O cartão-postal da cidade é o Bryggen, uma fileira de casinhas coloridas de telhado inclinado à beira-mar, construídas no século 14. No passado, Bryggen era um entreposto pesqueiro frequentado por gente simples do mar, mas hoje em dia está ocupada por lojas de suvenires, de arte, pubs e restaurantes cheios de turistas.

 

O Bryggen (acima) é o mais famoso cartão-postal de Bergen, a segunda maior cidade da Noruega. Ao lado, fazenda em Laerdal, próximo ao Sognefjorden, e a Igreja Borgund Stave, em Borgund, com 1.100 anos de existência. Abaixo, mercado de peixe em Oslo.

 

De Bergen até o fiorde de Laerdal são 225 quilômetros em estradas sinuosas e estreitas. Os cenários silenciosos são de tirar o fôlego, pontuados por antigas fazendas e pastagens verdejantes povoadas por rebanhos de ovelhas brancas. No meio do caminho, surgem as grandes paredes rochosas. Em Laerdal, há um centro de pesquisa de salmões, o Salmon Center. Através dos vidros adaptados na lateral de um rio de corredeira, é possível observar espécimes com mais de 1 metro de comprimento e 20 quilos.

O salmão, junto com o bacalhau, é uma instituição da Noruega, seu maior produtor e exportador mundial. Parente direto da truta e originário de rios e lagos frios do norte da Europa, o salmão é um animal dotado de refinado sistema de orientação. Ao nascer, permanece durante dois anos nos remansos das corredeiras e depois parte para uma jornada rumo ao mar. Predador insaciável, se alimenta agressivamente até adquirir a maturidade sexual, em dois ou três anos. Retorna ao mesmo rio de onde saiu, nadando vigorosamente contra a correnteza, enfrentando todos os obstáculos, até atingir um remanso perto de onde nasceu – para então desovar.

Próximo a Laerdal encontra-se a Borgund Stave Church, uma igreja de madeira do século 12, nunca restaurada, que passou apenas por reparos. Pouco menos de 100 quilômetros separam Laerdal da vila de Jostedal, são, onde se encontra a maior geleira da Europa continental, a Jostedalbreen. Com 487 quilômetros quadrados, ela tem ramificações que se prolongam, cobrindo vales e montanhas adjacentes.

Outra paisagem deslumbrante é a pequena Geiranger, joia do patrimônio cultural. Com apenas 300 habitantes, sua lei é a máxima “amar a natureza e gostar de seu vizinho”. Com 15 quilômetros de extensão, o Geirangerfj ord possui muitas belezas naturais, como as Sete Irmãs, um conjunto de cachoeiras que despencam por centenas de metros diretamente sobre as águas do fiorde. Pelas encostas inclinadas é possível encontrar fazendas abandonadas, empoleiradas na beirada de abismos e cercadas por paredes escuras e florestas.

É possível andar de barco pela superfície do fiorde de Geiranger, apreciando a geografia peculiar de baixo para cima. Paredes escuras assomam diretamente das águas subindo centenas de metros. Dá para perceber as intensas correntes marinhas que afluem em várias direções.

O porto de Alesund, com 41 mil habitantes, é o mais importante entreposto bacalhoeiro da Noruega. É de lá que a maior parte do bacalhau norueguês é exportada para 200 paí ses. Alesund foi quase inteiramente destruída no começo do século passado – um incêndio devastador consumiu 80% das edificações da cidade. Incêndios já foram uma espécie de “praga histórica” na Noruega, onde as construções são predominantemente de madeira. A cidade ardeu em chamas durante dias, mas foi reconstruída em estilo art noveau, tornando- se uma atração cultural.

Oslo, a capital da Noruega, é uma cidade de 520 mil pessoas. O país inteiro tem 4,5 milhões de habitantes. De atmosfera cosmopolita, Oslo é uma cidade de amplos espaços. Monumentos e praças são limpos e bem cuidados. O estilo de vida é tranquilo e sem estresse urbano, mas não imune a irupções irracionais como o atentado terrorista que matou 77 pessoas em julho passado.

Os noruegueses souberam aproveitar a descoberta de jazidas de petróleo e gás no Mar do Norte, na década de 70. Sabiamente, converteram o recurso natural em alavanca para construir um país com oportunidades para todos e altíssimos índices educacionais, de saúde pública e de renda per capita. A Noruega é a campeã do desenvolvimento equilibrado, a primeira colocada no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, detentora da invejável nota de 0,938 (na qual 1,0 é o máximo).

 

SERVIÇO

Quem leva: O Try Norway organiza sua pelos fiordes.

www.trynorway.com Para quem prefere viajar por conta própria

Como chegar:

A Scandinavian Air (SAS) parte de várias capitais europeias para Oslo, Bergen e Alesund.

www.sas.no

Onde ficar:

Em Loen: Alexandra

www.alexandra.no

Em Oslo: Grims Grenka

www.firsthotels.com/no

Em Geiranger: Union

www.hotelunion.no

Em Lofthus: Ullensvang

www.hotel-ullensvang.no

Em Bergen: First Marin

www.firsthotels.com

Moeda & câmbio: A Noruega não aderiu ao euro, então compre a coroa norueguesa (nok) no aeroporto. A taxa é quase a mesma em toda parte. Troque o dinheiro de uma vez, pois a comissão bancária é forte e independe do valor trocado. Cartões de crédito são aceitos em todos os lugares. 1 euro = aprox. 7 coroas.

Não esquecer:

Capa de chuva, agasalhos (mesmo no verão), calçados impermeáveis, óculos de sol.

Informações:

Fjord Norway: Oficina de turismo nos fiordes.

www.fjordnorway.com

Em Bergen:

www.visitbergen.com

Na Noruega:

www.visitnorway.com/us