05/02/2022 - 7:37
Você sabia que as montanhas, os rios e o solo contam a história da Terra antes do surgimento dos primeiros seres humanos? Mesmo que nem sempre isso seja visível ao tempo humano, as paisagens naturais estão sempre se modificando. Ao longo de bilhões de anos, elas são alteradas de acordo com o momento geológico e os seres vivos que nelas vivem. Uma longa história que fica registrada nas pedras e nas formas de relevo de cada região.
Para tentar recontar essa história, os geocientistas pesquisam, entre outras coisas, os chamados geossítios. Nesses locais, é possível observar vestígios do passado, que ajudam a organizar a linha cronológica da história geológica.
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No estado de São Paulo, os pesquisadores do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Patrimônio Geológico e Geoturismo (GeoHereditas), do Instituto de Geociências (IGc) da USP, produziram um inventário com o registro de 142 geossítios. O levantamento resultou em um mapa geológico interativo, que indica os períodos de formação dos patrimônios geológicos.
Diferentes perfis
Para divulgar esse trabalho inédito realizado pelos pesquisadores, a professora do IGc e coordenadora do projeto do inventário, Maria da Glória Motta Garcia, lançou no final de 2021 o livro Patrimônio Geológico Paulista — uma viagem no tempo geológico em 50 geossítios. Na obra, foram selecionados 50 dos 142 geossítios identificados, que trazem um breve resumo da formação geológica do estado.
Na produção do livro, Maria da Glória escolheu diferentes perfis de geossítios, entre aqueles que ela considerava serem os mais importantes. “Procurei mesclar geossítios que eram atrativos turísticos já consagrados e locais que são, por exemplo, um barranco na beira da estrada, justamente para mostrar que essa ciência pode ser feita em qualquer lugar”, conta. A obra pode ser adquirida por R$ 60 no site da editora Funep.
Segundo a autora, conhecer os geossítios do estado de São Paulo é importante não só por causa da relevância deles para a geociência. Ela explica que “muitos desses locais registram eventos climáticos do passado, e podem fazer a gente tentar entender como esses eventos podem atuar no futuro e como podemos tentar minimizar seus efeitos”. Mais que isso, Maria da Glória lembra que os geossítios são “uma memória da ciência e da Terra”. Dessa forma, “eles podem ser utilizados para fins turísticos e didáticos – desde a educação formal, que é dada nas escolas, até para ensinar não só as geociências, mas a conservação do ambiente no geral”.