Um novo estudo publicado na revista Nature revela que os ciclos sazonais do planeta não são tão sincronizados quanto se pensava, e essa falta de sincronia é um fator fundamental para a biodiversidade global. Utilizando duas décadas de dados de satélite, pesquisadores descobriram “pontos críticos” de dessincronização, onde ecossistemas próximos operam em calendários biológicos diferentes.

A pesquisa contradiz a noção tradicional de que as estações do ano são opostas de forma espelhada nos hemisférios Norte e Sul. Em vez disso, a análise do ciclo de crescimento das plantas do planeta mostra que os picos de produtividade não estão perfeitamente alinhados.

Regiões como as de clima mediterrâneo e montanhas tropicais, por exemplo, exibem ciclos de crescimento complexos e fora de fase com áreas vizinhas. Essas áreas compartilham um padrão sazonal de “pico duplo”, pois os ciclos de crescimento florestal tendem a atingir o ápice cerca de dois meses depois do que em outros ecossistemas.

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Segundo os cientistas, essa falta de sincronia cria uma variedade de janelas temporais para a disponibilidade de recursos. Quando o ciclo de crescimento em uma área diminui, outro próximo pode estar em seu auge. Esse descompasso temporal afeta diretamente os ciclos reprodutivos de plantas e animais.

O principal impacto desse fenômeno é a promoção da biodiversidade. Populações de espécies em locais com ciclos sazonais distintos têm menor probabilidade de se cruzarem, o que, ao longo do tempo, pode levar a uma divergência genética e, eventualmente, à formação de novas espécies. A descoberta explica por que muitas dessas áreas dessincronizadas são reconhecidas como centros de alta biodiversidade.

O estudo fornece uma nova e detalhada perspectiva sobre como a sazonalidade realmente funciona em escala global, demonstrando que a interação entre clima, geografia e ecologia é mais complexa do que os modelos anteriores sugeriam e tem um papel crucial na formação da vida na Terra.