Chanceler diz que receita para barrar avanço da ultradireita é oferecer “uma perspectiva de futuro” e defendeu que legendas tradicionais não cooperem com a AfD, que tem avançado nas pesquisas.O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, afirmou neste domingo (02/07) que a receita para contrapor o avanço da ultradireita é oferecer “uma perspectiva de futuro” e defendeu que os partidos tradicionais mantenham um cordão sanitário e evitem cooperar com a sigla Alternativa para a Alemanha (AfD), cujo crescimento nas pesquisas tem sido encarado com apreensão no país europeu.

“Sempre houve partidos populistas de direita de mau humor em muitos países europeus e também na Alemanha”, disse Scholz, em entrevista à rede de TV alemã ARD. “É preciso responder com uma perspectiva de futuro para o nosso país e com a questão do respeito” aos cidadãos, disse o chanceler, filiado ao Partido Social-Democrata (SPD), acrescentando que os cidadãos devem ter “a segurança de que há um bom futuro” para eles e para os netos.

Scholz ainda defendeu a manutenção de um “cordão sanitário” em relação à AfD. “Porque a AfD é um partido no qual estão representadas muitas posições extremistas de direita e com o qual não deve e não pode haver qualquer cooperação”, disse o chanceler. Scholz ainda disse que foi correto todos os partidos tradicionais, incluindo legendas de centro-esquerda e esquerda, terem apoiado recentemente um candidato conservador na recente eleição distrital de Sonneberg para tentar barrar um candidato da ultradireitista AfD – ainda assim, tal estratégia não funcionou, e o candidato da AfD venceu o pleito.

De acordo com uma pesquisa divulgada na sexta-feira pelo canal público ZDF, se as eleições fossem hoje a União Democrata-Cristã (CDU), o partido da ex-chanceler Angela Merkel e atualmente na oposição, seria vencedora, com 28% dos votos. Em segundo lugar ficaria a AfD, com 19%. Já o SPD de Scholz, que vendeu a última eleição, teria 18%.

Preocupação com tensão na França

Na mesma entrevista, Scholz manifestou preocupação com os tumultos na França, que levaram ao cancelamento da visita de Estado do presidente francês, Emmanuel Macron, à Alemanha, que deveria ter início neste domingo.

“Temos laços de amizade com França e somos uma dupla para garantir que a União Europeia, tão importante para o nosso futuro, funcione bem, e é por isso que observamos com preocupação”, disse Scholz.

jps (dpa, Lusa, ots)