21/10/2025 - 13:41
Estudo aponta que não basta comer bem somente por alguns dias – manter hábitos saudáveis de forma constante é o que realmente protege a microbiota intestinal e melhora a saúde a longo prazo.Se você se esforça para manter uma dieta saudável, mas vive escorregando e recorrendo a alimentos ultraprocessados, saiba que pode estar minando qualquer efeito positivo que os dias “comportados” podem ter na sua microbiota intestinal.
Um estudo da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL), na Suíça, concluiu que uma dieta baseada em frutas, vegetais e fibras só tem impacto positivo na saúde quando seguida regularmente.
Ou seja, alternar uma dieta saudável, com ampla gama de valores nutricionais, e o consumo de fast food, alimentos açucarados ou ricos em sal, pode desequilibrar a microbiota intestinal (microrganismos que povoam o intestino).
“Não dá para cair de boca nos vegetais no seu ‘dia saudável’ e depois comer mal pelo resta da semana ou mês”, disse Marcel Salathé, chefe do laboratório epidemiológico digital da EPFL, em comunicado divulgado pela instituição. “O consumo irregular de alimentos saudáveis, na verdade, anula muitos dos seus benefícios para a microbiota intestinal.”
Segredo na consistência
Os pesquisadores lembram que sempre houve o entendimento de que se alimentar bem regularmente é importante, como sugerem diversas campanhas que incentivam as pessoas a comer cinco frutas e vegetais por dia. Mas pontuam que isso, até agora, “tem sido apenas um pressentimento”.
Mas as conclusões do estudo “enfatizam que tanto a qualidade quanto a regularidade da ingestão alimentar podem ser cruciais para a manutenção de um microbioma intestinal saudável”. Por isso, eles defendem “uma abordagem mais detalhada às recomendações nutricionais, que considere não apenas o que comemos, mas também a consistência com que consumimos alimentos benéficos”.
Análise de dados com ajuda de inteligência artificial
Com a ajuda da inteligência artificial , os pesquisadores analisaram os hábitos alimentares de mil participantes, examinando fotos de alimentos e códigos de barras de produtos.
A partir da coleta e análise de dados em larga escala, eles concluíram que a regularidade com que alimentos saudáveis são consumidos é tão importante quanto, ou até mais, do que a quantidade. “Isso é um verdadeiro incentivo para que estudos futuros analisem não apenas o que as pessoas comem, mas também os padrões do que comem ao longo do tempo”, observou Salathé.
Os pesquisadores também descobriram que a dieta de uma pessoa pode ser prevista com 85% de precisão pela análise de sua microbiota por meio das fezes, e que essa previsão também funciona de forma inversa para determinar a composição dos microrganismos intestinais. O estudo, publicado na revista Nature Communications, foi conduzido pelo Laboratório Digital de Epidemiologia da EPFL em colaboração com a Universidade da Califórnia, em San Diego (Estados Unidos).
No que consiste uma dieta saudável?
Fibras alimentares, predominantemente encontradas em frutas, vegetais, grãos integrais e leguminosas, promovem uma melhor saúde geral ao aumentar a presença de bactérias benéficas no intestino.
Em contraste, dietas com baixo teor de fibras e ricas em alimentos processados, a exemplo da típica dieta ocidental, contribuem para uma microbiota menos diversa e menos estável. O resultado é um maior risco de proliferação de bactérias patogênicas e problemas de saúde associados, como obesidade, diabetes tipo 2 e doença inflamatória intestinal.
ip/ra (EFE, ots)