Pinguins-Imperadores estão desaparecendo da colônia da Baía de Halley, na Antártida, a segunda maior do mundo para essa espécie. A conclusão é de um estudo do conselho British Antarctic Survey (BAS).

Até recentemente, o número de animais na colônia variava a cada ano entre 14 mil e 25 mil indivíduos, cerca de 5 a 9% da população global de pinguins-imperadores.

Mas, ao analisar imagens de satélite de alta resolução, os cientistas do conselho verificaram que essa população quase desapareceu do local.

Segundo o estudo as causas desse fenômeno são mudanças nas condições locais do gelo marinho. Os pinguins-imperadores precisam de um gelo marinho estável para se reproduzir. Essa plataforma gelada dura de abril, quando as aves chegam no local, até dezembro, quando seus filhotes voam.

Nos últimos 60 anos, as condições do gelo marinho na Baía de Halley foram estáveis ​​e confiáveis. Mas em 2016, após um período de clima anormalmente tempestuoso, o gelo do mar se rompeu em outubro, bem antes que os filhotes estivessem desenvolvidos.

Este padrão se repetiu em 2017 e novamente em 2018 e levou à morte de quase todos os filhotes por afogamento a cada temporada.

Enquanto isso, a colônia de Dawson Lambton, nas proximidades, aumentou consideravelmente de tamanho, indicando que muitos dos imperadores adultos se mudaram para lá, buscando melhores locais de reprodução.

A re-localização de muitas das aves para um terreno fértil mais estável é encorajador, pois até agora não se sabia se os pinguins procurariam locais alternativos em resposta a mudanças significativas em seu ambiente local.

Segundo Phil Trathan, co-autor da pesquisa, não é possível afirmar se as mudanças nas condições do gelo marinho na Baía de Halley estão especificamente relacionadas à mudança climática, mas uma falha tão completa em se reproduzir é inédita neste local.

“Mesmo levando em conta os níveis de incerteza ecológica, os modelos publicados sugerem que os números dos pinguins-imperadores devem cair drasticamente, perdendo 50-70% de seus números antes do final deste século, com a mudança das condições do gelo marinho”, diz.

Os pesquisadores continuarão a usar imagens de satélite para estudar o comportamento dessa colônia e sua resposta a catástrofes, para obter informações vitais sobre como esta espécie pode lidar com futuras mudanças ambientais.