Casa de shows em Colônia vetou show da Bob Vylan. Banda de rap foi alvo de controvérsia internacional ao puxar coro que pedia “morte às Forças Armadas Israelenses” durante festival de música no Reino Unido.Uma casa de shows na cidade de Colônia, no oeste da Alemanha, anunciou nesta terça-feira (01/07) que cancelou uma apresentação da dupla britânica de punk-rap Bob Vylan. A decisão ocorreu após o vocalista da banda gerar controvérsia internacional ao puxar um coro contra as Forças Armadas de Israel durante festival de Glastonbury, que ocorreu no último sábado no Reino Unido.

Em Colônia, o grupo estava programado para abrir um show da banda americana de punk Gogol Bordello, em setembro, no Live Music Hall.

“Juntamente com a promotora local Prime Entertainment, decidimos não permitir que Bob Vylan se apresente aqui no Live Music Hall. Não queremos oferecer nosso palco a alguém assim”, disse um representante da casa de shows alemão ao jornal local Kölner Stadt-Anzeiger.

A Bob Vylan, porém, deve abrir outras sete apresentações da Gogol Bordello em cidades alemãs, mas não há informações sobre se estes shows serão mantidos.

Banda é alvo de investigação no Reino Unido

Na segunda-feira, a polícia britânica iniciou uma investigação criminal sobre declarações feitas pela dupla e pelo trio de rap Kneecap durante o festival no sudoeste da Inglaterra.

A banda Bob Vylan foi criticada após seu vocalista, Bobby Vylan – nome artistico de Pascal Robinson-Foster – puxar um coro com o lema “Morte, morte às FDI!”, sigla das Forças de Defesa de Israel, em uma crítica às operações israelenses em Gaza.

O coro foi acompanhado pelo público, que segurava dezenas de bandeiras palestinas. Antes disso, o vocalista já havia puxado um coro com a frase “Libertem, libertem a Palestina!”.

Os agentes apuram se houve incitação à violência, antissemitismo e discurso de ódio da banda.

A polícia também investiga o trio Kneecap, que se apresentou antes do Bob Vylan em Glastonbury e cujo posicionamento passado sobre Israel já havia gerado controvérsia. Um de seus membros, Liam Óg Ó hAnnaidh, foi acusado sob a Lei Antiterrorismo britânica após ser acusado de exibir uma bandeira do grupo libanês Hezbollah , classificado como organização terrorista no Reino Unido, em um show em Londres no ano passado.

Banda rejeita acusações

O caso envolvendo o coro incentivado pela Bob Vylan recebeu ainda mais atenção porque o episódio todo foi transmitido pela TV. A rede BBC posteriormente pediu desculpas por não ter interrompido a transmissão ao vivo da apresentação após o coro ser repetido pelo público.

O rabino chefe britânico, Ephraim Mirvis, disse que a “exibição do ódio contra judeus” pela BBC foi um momento de “vergonha nacional.”

“Basta camuflar seu incitamento explícito à violência e ao ódio como um comentário político ousado, para que as pessoas comuns não só deixem de ver o que realmente é, mas também aplaudam, cantem e celebrem isso”, escreveu ele no X.

A embaixada de Israel no Reino Unido também criticou o episódio, classificando a performance como uma “glorificação da violência”.

Até mesmo o primeiro-ministro entrou na controvérsia, criticando a banda pelo que ele chamou de “discurso de ódio terrível”.

A Bob Vylan rejeitou as acusações de antissemitismo pelos comentários feitos no palco do Festival de Glastonbury. Em um comunicado, a banda afirmou que virou alvo apenas por falar sobre a guerra em Gaza.

“Não somos a favor da morte de judeus, árabes ou qualquer outra raça ou grupo de pessoas. Somos a favor do desmantelamento de uma máquina militar violenta. Uma máquina que destruiu grande parte de Gaza”, disse a banda em publicação no Instagram.

EUA revogam vistos da banda

Após a apresentação, autoridades dos Estados Unidos , país aliado de Israel, anunciaram que o país vai revogar os vistos dos membros do Bob Vylan, os impedindo de realizar uma turnê em cidades americanas que estava prevista para o final deste ano.

“O Departamento de Estado revogou os vistos dos EUA para os membros da banda em função de seu discurso de ódio em Glastonbury, inclusive liderando a multidão em cantos de morte. Estrangeiros que glorificam a violência e o ódio não são bem-vindos em nosso país”, disse o vice-secretário de Estado dos EUA, Christopher Landau, em uma publicação no X.

gq (AFP, AP, ots)