Condenado na trama golpista tentava embarcar em voo internacional com um passaporte paraguaio. PF identificou violação em sua tornozeleira eletrônica e avisou autoridades.O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques foi preso nesta sexta-feira (26/12) no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção, no Paraguai. Condenado a 24 anos e seis meses de prisão por crimes contra a democracia, ele foi identificado por autoridades paraguaias quando tentava embarcar em um voo para El Salvador.

A informação foi revelada pelo portal G1 e confirmada à imprensa pelo diretor da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues.

Vasques estava em Santa Catarina quando a PF recebeu um aviso de rompimento de sua tornozeleira eletrônica, que usava como medida cautelar desde agosto de 2024. A corporação passou então a monitorar seu paradeiro e alertou adidos nas fronteiras e também no Paraguai.

O ex-diretor da PRF foi identificado quando tentava embarcar em um voo internacional usando um passaporte original de cidadão paraguaio, mas que não correspondia aos seus dados pessoais. Ele passará por uma audiência de custódia no país ainda nesta sexta-feira e deve enfrentar um pedido de extradição ao Brasil.

Uso político da PRF

Vasques foi condenado em 16 de dezembro por compor o “núcleo 2” da trama golpista. Segundo a Procuradoria-Geral da República, ele era responsável por “gerenciar ações da organização criminosa” quando ocupava a chefia da PRF.

Na ocasião, o Supremo Tribunal Federal (STF) acatou a tese de que Vasques instituiu operações de fiscalização da PRF no segundo turno da eleição presidencial de 2022 com o objetivo de dificultar a circulação de eleitores em regiões majoritariamente favoráveis ao atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.

Apoiador público do ex-presidente Jair Bolsonaro, Vasques foi condenado pelos crimes de golpe de Estado, abolição do Estado Democrático de Direito, dano qualificado, deterioração do patrimônio tombado e organização criminosa.

O trânsito em julgado de sua condenação ainda não estava concluído e, por isso, o STF não havia determinado a execução da pena.

Prisão domiciliar e condenação por improbidade

Silvinei Vasques havia sido preso preventivamente em agosto de 2023. Um ano depois, foi transferido à prisão domiciliar e aguardava o julgamento da trama golpista. Desde então, passou a usar a tornozeleira eletrônica.

Ele também foi condenado em agosto deste ano por improbidade administrativa sob a acusação de uso indevido do cargo e de símbolos da corporação para favorecer Bolsonaro.

Como diretor da PRF sob Bolsonaro, sua gestão foi marcada por escândalos. Entre eles, a participação da corporação em uma operação que deixou mais de 20 mortos na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, em maio de 2022; e o assassinato em Umbaúba, no Sergipe, de um homem que fora trancado por agentes da PRF dentro de um porta-malas e asfixiado por bombas de gás lançadas dentro do veículo.

gq (OTS)