Um novo estudo mostra que 1% da população mundial foi responsável por metade das emissões de carbono da aviação em 2018. Segundo os pesquisadores, um grupo de elite que desfruta de voos frequentes teve um grande impacto na crise climática que afeta a todos. Enquanto apenas 11% da população mundial pegaram um avião em 2018, dos quais somente 4% com destino ao exterior, os passageiros frequentes identificados no estudo viajaram cerca de 56.000 km por ano – o equivalente a três voos de longa distância a cada 12 meses, um voo de curta distância por mês ou alguma combinação dos dois.

Os passageiros dos EUA têm de longe a maior pegada de carbono entre os países ricos. Suas emissões oriundas da aviação são maiores do que a soma de 10 países, incluindo Reino Unido, Japão, Alemanha e Austrália. A pesquisa, publicada na revista “Global Environmental Change”, descobriu que em média, os norte-americanos voaram 50 vezes mais quilômetros do que os africanos em 2018, 10 vezes mais do que os da região da Ásia-Pacífico e 7,5 vezes mais do que os latino-americanos. Os europeus e os do Oriente Médio voaram 25 vezes mais longe que os africanos e cinco vezes mais que os asiáticos.

As companhias aéreas, por sua vez, produziram um bilhão de toneladas de CO2 e se beneficiaram de um subsídio de US$ 100 bilhões por não pagarem pelos danos climáticos que causaram, estimam os pesquisadores.

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Interesses protegidos

Os benefícios da aviação são compartilhados de forma mais desigual em todo o mundo do que provavelmente qualquer outra grande fonte de emissão, disse Dan Rutherford, do Conselho Internacional de Transporte Limpo, que não faz parte da equipe de pesquisa. Portanto, há um risco claro de que o tratamento especial das companhias aéreas apenas proteja os interesses econômicos dos ricos globalmente.

Entre 2013 e 2018, as emissões do setor aéreo aumentaram 32%.

O “Guardian” traz gráficos e mais detalhes.

Em tempo: Por falar em aviação, a pegada de carbono das refeições chinesas aumentou. Por conta da epidemia de febre suína na China, eles foram obrigados a sacrificar metade do rebanho. Chineses comem, em média, 30 kg de carne de porco por ano. Antes da epidemia, o comércio mundial girava em torno de 8 milhões de toneladas por ano, enquanto a demanda chinesa é quatro vezes maior. Assim, os preços dispararam a ponto de valer a pena trazer porcos da Europa de avião. Mais de 3.000 leitões saíram da França e viajaram confortavelmente mais de 10.000 km em um Boeing 747.