A história de Kitty Schmidt, proprietária do “Salon Kitty”, um bordel de luxo em Berlim durante o regime nazista, voltou a ser debatida após a redescoberta de uma pintura a óleo da cafetina. A obra, considerada perdida por décadas, foi encontrada em um brechó há 24 anos pela atual proprietária do imóvel e agora foi apresentada ao público no local onde funcionava o antigo estabelecimento.

  • O que foi: o “Salon Kitty” era um bordel legalizado pelo regime nazista, frequentado pela elite do partido e diplomatas.
  • Espionagem: o local era grampeado pela inteligência nazista para espionar frequentadores, incluindo membros do próprio partido.
  • A descoberta: uma pintura perdida da proprietária, Kitty Schmidt, foi encontrada e exibida publicamente.

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Embora o trabalho sexual fosse oficialmente proibido durante o regime — descrito por Adolf Hitler como “uma vergonha para a humanidade” —, o Salon Kitty tinha autorização para operar. Segundo pesquisadores, o local teria sido frequentado por membros da alta cúpula nazista e convidados internacionais, servindo como fachada para operações de espionagem.

“O que sabemos, principalmente pelas memórias de Walter Schellenberg, o general nazista encarregado da espionagem estrangeira, é que os nazistas primeiro enviaram agentes femininas que trabalhavam aqui como cortesãs ou trabalhadoras do sexo”, explica o escritor e pesquisador Urs Brunner. “Depois, colocaram grampos, passaram fios até o porão e faziam escutas. Claro, eles não espionavam apenas diplomatas estrangeiros e correspondentes, mas acima de tudo membros do próprio partido”.

Ainda não está claro qual foi o nível de participação de Kitty Schmidt no esquema de espionagem nazista. “Ela [Kitty] foi uma sobrevivente oportunista, que tentou proteger a si mesma e à sua família durante os anos de terror da guerra”, avalia Julia Schrammel, escritora e pesquisadora. “Ela certamente foi prestativa, tinha um espírito generoso. Era uma grande dama”.

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, Kitty Schmidt continuou a administrar seu negócio como bordel e pensão até a sua morte, em 1954.