19/10/2025 - 13:06
Deserções através da fronteira terrestre que divide a Península Coreana são raras, já que a área é densamente florestada, vigiada e repleta de minas terrestres.Um soldado norte-coreano conseguiu fugir para a Coreia do Sul neste domingo (19/10), atravessando uma fronteira fortemente patrulhada.
A informação é das Forças Armadas da Coreia do Sul, que afirmam ter detido o homem para investigação e ouvido dele que gostaria de permanecer no país.
Trata-se da primeira deserção de um soldado da Coreia do Norte desde a fuga de um sargento em agosto de 2024. As deserções através da fronteira terrestre que divide a península são relativamente raras, já que a área, além de muito vigiada, é também densamente florestada e repleta de armadilhas.
Diferentemente do que sugere o nome oficial, a zona desmilitarizada que separa os dois países na Península Coreana é protegida por minas terrestres, armadilhas antitanques, cercas de arame farpado e tropas de combate. A fronteira tem 248 quilômetros de ponta a ponta e quatro quilômetros de extensão, sendo uma das zonas mais densamente minadas do mundo.
Em 2017, quando um soldado norte-coreano tentou desertar correndo pela fronteira, ele teve que se esquivar de dezenas de tiros disparados por colegas, antes que militares sul-coreanos pudessem alcançá-lo, já ferido.
“A provável familiaridade do soldado com a região pode ter ajudado a navegar pelo terreno fortemente minado”, disse Hong Min, analista sênior do Korea Institute for National Unification, à agência de notícias AFP.
“A travessia mais recente não será bem recebida por Pyongyang, já que ele poderia fornecer ao Sul informações sobre movimentos de tropas e operações na área da fronteira”, acrescentou o analista.
Maioria foge pela China
Boa parte dos cerca de 34 mil norte-coreanos que fugiram para a Coreia do Sul desde o fim da Guerra da Coreia (1950-1953) vieram da China, país que compartilha uma longa e permeável fronteira com a Coreia do Norte. De lá, eles geralmente seguem para um terceiro país, como Tailândia, antes de finalmente chegar ao Sul.
As relações entre as duas Coreias são tensas desde então, já que os dois países tecnicamente seguem em guerra, já que não houve um tratado de paz, e sim apenas um armistício.
Segundo dados do governo sul-coreano, em 2024 o país recebeu 236 refugiados do Norte, sendo 88% mulheres.
O Norte tem repetidamente rejeitado os esforços de aproximação do presidente liberal sul-coreano Lee Jae Myung, que assumiu o cargo em junho sob a promessa de reconciliar as duas nações.
ra (AP, AFP, Reuters)