06/01/2024 - 13:59
A missão de observação solar lançada pela Índia chegou a seu destino neste sábado (06/01), após uma viagem de quatro meses pelo espaço. Nomeada em homenagem a uma divindade do hinduísmo, a sonda Aditya-L1 vai orbitar o Sol para estudar suas camadas mais externas.
O observatório solar está estacionado no chamado ponto de Lagrange 1 (L1), onde as forças gravitacionais do Sol e da Terra se anulam, permitindo que ele permaneça em uma órbita estável.
Comemorando mais uma conquista para o programa espacial indiano, o ministro da Ciência e Tecnologia do país, Jitendra Singh, disse que a missão da sonda será “descobrir os mistérios da conexão entre o Sol e a Terra”.
“A Índia cria mais um marco histórico. […] É um testemunho da dedicação incansável de nossos cientistas na realização de uma das missões espaciais mais complexas”, escreveu o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, em rede social. “Continuaremos a buscar novas fronteiras da ciência para o benefício da humanidade.”
Qual é o objetivo da missão Aditya-L1?
O satélite Aditya-L1 foi lançado com sucesso em setembro de 2023, dez dias depois de a Índia se tornar a primeira nação do mundo a pousar no polo sul da Lua.
A missão solar, a primeira do tipo da agência espacial indiana, deverá registrar a atividade do Sol por cinco anos. Estudará especialmente as chamadas ejeções de massa coronal, um fenômeno periódico em que ocorrem enormes descargas de plasma e energia magnética da atmosfera do Sol.
Essas explosões são tão poderosas que podem atingir a Terra e potencialmente interromper as operações de satélites, meios de comunicação e estações elétricas.
A Aditya-L1 também poderá atuar como um sistema de alerta antecipado para tempestades solares, com uma vantagem de aproximadamente uma hora.
A sonda pesa pouco mais de 1,4 tonelada. Embora a agência espacial indiana não tenha divulgado o valor da missão, a imprensa local estima que ela tenha custado cerca de 48 milhões de dólares (aproximadamente R$ 237 milhões).
Primeira missão asiática a orbitar o Sol
Com isso, a Índia passa a fazer parte do seleto grupo de países que lançaram missões para estudar o Sol. A americana Nasa e a Agência Espacial Europeia (ESA) já enviaram várias sondas para o centro do Sistema Solar desde a década de 1960.
O Japão e a China também lançaram missões de observação solar, mas situadas na órbita da Terra, e não na do Sol. A Aditya-L1 é, portanto, a primeira missão de uma nação asiática a orbitar o astro.
O programa espacial da Índia, de orçamento comparativamente baixo, obteve várias conquistas nos últimos anos, incluindo tornar-se a primeira nação asiática a colocar uma nave em órbita ao redor de Marte em 2014.
Já em agosto de 2023, uma sonda indiana fez um pouso histórico no inexplorado polo sul da Lua. É para esta região que os Estados Unidos pretendem enviar em dezembro de 2025 a primeira astronauta mulher e o primeiro astronauta negro, no novo programa lunar Artemis.
Impulsionada pelo primeiro-ministro Modi, a Índia privatizou lançamentos espaciais e está querendo abrir o setor ao investimento estrangeiro, com o objetivo de quintuplicar sua participação no mercado global de lançamentos na próxima década.
(Reuters, AFP)