02/05/2025 - 14:30
Um estudo publicado nesta segunda-feira, 28 de abril, no periódico “eBioMedicine” apontou que uma substância encontrada em potes de plástico pode contribuir com o risco de uma pessoa desenvolver doenças cardiovasculares. Conforme a pesquisa, estima-se que, em 2018, a exposição ao di (2-etilhexil) ftalato, também conhecido como DEHP, foi responsável por 356.238 mortes por problemas do coração em todo o mundo.
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A pesquisa, conduzida por cientistas da NYU Langone Health, nos Estados Unidos, sugere que cerca de 10% das mortes por doenças cardíacas entre adultos de 55 a 64 anos em 2018 podem ser atribuídas aos ftalatos — compostos químicos usados para aumentar a durabilidade e a flexibilidade dos plásticos.
Os ftalatos estão presentes em uma ampla variedade de produtos domésticos, desde xampus e perfumes até embalagens de alimentos e brinquedos infantis. A exposição a essas substâncias pode ocorrer pela ingestão de alimentos que tiveram contato com materiais contendo os compostos, pela absorção pela pele por meio de cosméticos ou pela inalação de partículas suspensas no ar, segundo os Institutos Nacionais da Saúde dos EUA.
Pesquisas anteriores também apontaram efeitos negativos dos ftalatos na saúde reprodutiva e no sistema imunológico. Além disso, a substância está associada ao ganho de peso e ao desenvolvimento de diabetes, que podem causar doenças cardiovasculares.
O novo estudo utilizou dados populacionais de saúde e meio ambiente para traçar um panorama global e estimar a proporção de mortes atribuíveis à exposição a ftalatos em diferentes regiões. A análise abrangeu informações de cerca de 200 países.
Embora o DEHP esteja presente em escala global, o impacto é mais acentuado em determinadas regiões. Oriente Médio, Sul da Ásia, Leste Asiático e Pacífico concentram aproximadamente três quartos do total estimado de mortes associadas à substância.
Entre os países, a Índia lidera em número de óbitos atribuídos ao DEHP, com mais de 100 mil mortes em 2018, seguida por Paquistão e Egito. A alta produção de plásticos e a menor rigidez nas regulamentações industriais podem explicar os números elevados nessas regiões.
Atualmente, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo, sendo responsáveis por cerca de 17,9 milhões de óbitos por ano, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde).
Como evitar o DEHP?
Todos os dias estamos cercados de plástico e evitá-lo pode parecer impossível, mas Leonardo Trasande, diretor do Centro de Investigação de Riscos Ambientais da NYU, explicou que as pessoas podem tomar várias medidas de precaução.
“Podemos renegociar nossa relação com o plástico”, disse o pesquisador. “Precisamos evitar, principalmente, aquecer plástico no micro-ondas e na máquina de lavar louça, porque essa é uma maneira de reabsorver os produtos químicos usados nos materiais plásticos ou transformá-los em microplásticos que podem levar esses produtos químicos para o ser humano.”