02/03/2021 - 9:25
Um iceberg gigante, pouco maior que a do município do Rio de Janeiro, separou-se da seção norte da plataforma de gelo Brunt da Antártida na sexta-feira, 26 de fevereiro. Novas imagens de radar, capturadas pela missão Copernicus Sentinel-1, mostram o iceberg de 1.270 km2 se soltando e se afastando rapidamente da plataforma de gelo flutuante.
Os glaciologistas têm monitorado de perto as muitas rachaduras e abismos que se formaram na plataforma de gelo Brunt, com 150 metros de espessura, nos últimos anos. No final de 2019, uma nova rachadura foi vista na porção da plataforma de gelo ao norte do McDonald Ice Rumples. Ela ia em direção a outra grande rachadura perto da língua da plataforma Stancomb-Wills.
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Esta última fenda foi monitorada de perto por imagens de satélite, uma vez que foi vista rapidamente cortando a plataforma de gelo. Dados recentes de velocidade da superfície do gelo derivados dos dados do Sentinel-1 indicaram que a região ao norte da nova rachadura é a mais instável – movendo-se cerca de 5 m por dia. Então, nas primeiras horas da sexta-feira, 26, a nova fenda se alargou rapidamente antes de finalmente se libertar do resto da plataforma de gelo flutuante.
Nascimento esperado, mas empolgante
Mark Drinkwater, da Agência Espacial Europeia (ESA), disse: “Embora o nascimento do novo iceberg fosse esperado e previsto há algumas semanas, observar o desenrolar de tais eventos remotos ainda é cativante. Ao longo das semanas e meses seguintes, o iceberg pode ser arrastado pela rápida corrente costeira que flui para sudoeste, encalhar ou causar mais danos ao colidir com a parte sul da plataforma de gelo Brunt. Portanto, estaremos monitorando cuidadosamente a situação usando os dados fornecidos pela missão Copernicus Sentinel-1.”
Embora atualmente sem nome, o iceberg foi informalmente apelidado de ‘A-74’. Os icebergs da Antártida são nomeados a partir do quadrante antártico em que foram originariamente avistados, depois um número sequencial. Se o iceberg se quebrar, uma letra sequencial vem a seguir.
A ruptura não representa uma ameaça para a Estação de Pesquisa Halley VI do British Antarctic Survey, atualmente não tripulada. Ela foi reposicionada em 2017 para um local mais seguro depois que a plataforma de gelo foi considerada insegura.
O monitoramento de rotina por satélites oferece visões sem precedentes de eventos que acontecem em regiões remotas como a Antártida, e como as plataformas de gelo conseguem manter sua integridade estrutural em resposta às mudanças na dinâmica do gelo, temperatura do ar e do oceano. A missão Copernicus Sentinel-1 transporta radar, que pode retornar imagens independentemente do dia ou da noite. Isso permite a visualização durante todo o ano, o que é especialmente importante durante os longos e escuros meses do inverno austral.