28/12/2025 - 15:43
Prefeitura remove trave que recriou famosa “onda do Eisbach” no centro da capital bávara, que havia desaparecido após trabalhos de limpeza. Surfistas acusam autoridades de agirem para impedir a prática do esporte.A polêmica em torno do desaparecimento de uma famosa onda para a prática de surfe em um rio de Munique se intensificou neste domingo (28/12), quando as autoridades removeram uma viga instalada no local durante o Natal para recriar a atração.
A chamada “onda do Eisbach”, parada obrigatória para os amantes do surfe na cidade do sul da Alemanha e um dos pontos mais badalados no verão, desapareceu subitamente no final de outubro, após trabalhos de limpeza e drenagem.
A onda no riacho Eisbach, um canal artificial desviado do rio Isar, no parque Jardim Inglês, era um ponto turístico da capital da Baviera desde a década de 1980.
Ativistas pró-surfe colocaram uma trave na água na madrugada de 25 de dezembro para recriar parcialmente a onda e penduraram uma faixa acima do riacho com os dizeres “Feliz Natal”.
Um porta-voz do Corpo de Bombeiros de Munique informou que a “instalação foi removida” neste domingo, a pedido das autoridades municipais.
Surfistas criticam prefeitura
Os ativistas fizeram diversas tentativas de reinstalar a onda no parque no centro de Munique, mas todas acabaram frustradas.
A associação local de surfistas IGSM publicou na quinta-feira um comunicado informando que havia abandonado sua campanha para salvar a onda, acusando as autoridades municipais de protelar suas ações.
A onda de Eisbach era considerada a maior e mais consistente onda fluvial no coração de uma grande cidade, tendo se tornado uma atração turística na capital da Baviera. Segundo a IGSM, entre 3.000 e 5.000 surfistas locais a utilizavam.
A Surf Club Munich acusou a prefeitura de não querer regulamentar o surfe no Eisbach, “mas sim impedi-lo”. Em nota, a entidade citou uma “obstrução administrativa” e exigências inatingíveis em seus esforços para restaurar a onda.
“Mãe de todas as ondas de rio”
O acesso à onda foi bloqueado por vários meses no início de 2025, após a morte de uma mulher de 33 anos, cujo cordão de segurança ficou preso no fundo da correnteza enquanto ela surfava à noite. As investigações sobre a causa do acidente não apresentaram resultados conclusivos e o surfe no local acabou sendo liberado.
A onda, porém, sumiu após a interrupção temporária do fluxo de água para a realização de trabalhos de rotina para limpeza e remoção de sedimentos do leito do riacho. A prefeitura nega ter feito qualquer mudança que alterasse o fluxo da água.
Incensada como a “mãe de todas as ondas de rio” pelo portal SurferToday.com, a onda de Eisbach teria sido criada por surfistas que colocaram blocos de concreto no leito do riacho em 1972 para gerar uma correnteza forte.
O surfe ali só seria autorizado oficialmente décadas depois, em 2010, quando a onda já era famosa.
rc (AFP, DPA)
