31/07/2025 - 7:36
Decreto assinado por Trump definiu lista de quase 700 exceções, mas produtos estratégicos da pauta de exportação do Brasil para os EUA não foram poupados, como carne e café. Tarifa entra em vigor em 6 de agosto.A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos confirmada na quarta-feira (30/07) por Donald Trump deixou 694 produtos de fora, o que representa cerca de 43,4% do total exportado pelo Brasil para o mercado americano. A estimativa preliminar é da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham).
A entidade estima que os itens protegidos do tarifaço representam 18,4 bilhões de dólares – o total exportado pelo Brasil aos EUA em 2024 foi de 42,3 bilhões de dólares.
Na lista de exceções, estão itens de peso da pauta comercial brasileira, como petróleo, combustíveis, suco e polpa de laranja, minérios, fertilizantes, motores, peças, componentes e aeronaves civis. No entanto, ficaram de fora produtos como café e carne bovina, que tiveram a taxação de 50% confirmada no decreto assinado por Trump.
O Brasil é maior exportador mundial de café, com os EUA sendo o maior comprador. Em 2024, as exportações de café para os americanos foram de quase 2 bilhões de dólares (16,7% do total).
Alívio parcial
Apesar de lamentarem a medida, governo e o setor produtivo brasileiro esperavam inicialmente um impacto maior do tarifaço – o maior entre os países que exportam aos EUA –, anunciado por Trump em 9 de julho.
“Embora essas exceções atenuem parcialmente os efeitos da tarifa de 50% anunciada, a Amcham reforça que ainda há um impacto expressivo sobre setores estratégicos da economia brasileira. Produtos que ficaram de fora da lista continuam sujeitos ao aumento tarifário, o que compromete a competitividade de empresas brasileiras e, potencialmente, cadeias globais de valor”, afirmou a Amcham, em nota.
Entre os produtos fora do tarifaço que mais causam impacto em valor exportado estão combustíveis, abrangendo 76 produtos, com 8,5 bilhões de dólares exportados em 2024. Em seguida, aparecem aeronaves, o que engloba 22 produtos e 2 bilhões de dólares em vendas ao mercado americano. Ferro e aço, com exportação de 1,8 bilhão de dólares, e pastas de madeira (celulose), com 1,7 bilhão de dólares, também são destaque na lista de exceções.
De acordo com o texto, a medida, que passará a vigorar a partir de 6 de agosto, seria uma resposta a ações do governo brasileiro que, segundo a Casa Branca, são uma ameaça “incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA”.
O comunicado volta a citar o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal federal (STF), acusando o governo brasileiro de cometer graves violações aos direitos humanos através de “perseguição, intimidação, assédio, censura e acusação politicamente motivadas”.
“O presidente Trump tem reafirmado consistentemente seu compromisso de defender a segurança nacional, a política externa e a economia dos Estados Unidos contra ameaças estrangeiras, inclusive salvaguardando a liberdade de expressão, protegendo empresas americanas de censura coercitiva ilegal e responsabilizando violadores de direitos humanos por seu comportamento ilegal”, afirmou o decreto, que teve como base a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional, de 1977.
sf (Agência Brasil, ots)