Experimentos de psicologia realizados por vários grupos acadêmicos mostram que a supressão dos pensamentos indesejados não é apenas possível, mas adaptativa, possivelmente protegendo as pessoas contra a ansiedade e a depressão. Essas técnicas podem até ajudar a limpar a mente de memórias intrusivas após o trauma, afastando o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).

“Há evidências suficientes agora para acreditarmos que há um efeito de supressão na memória”, disse Daniel Schacter, pesquisador de memória da Universidade de Harvard. “As pessoas que têm TEPT têm problemas de supressão. Isso, para mim, é evidência de que tem alguma utilidade clínica potencial.”

Há cerca de 20 anos atrás, o psicólogo cognitivo Michael Anderson, então na Universidade de Oregon, desenvolveu uma alternativa ao “teste do urso branco” chamada tarefa “pensar/não pensar”. Ele e seu então aluno Collin Green ensinaram 32 estudantes universitários a memorizar 40 pares de palavras como médico agulha, calça viagem e carne grama.

A primeira palavra era um lembrete, ou deixa, para a outra palavra. Os pesquisadores então mostraram aos alunos apenas a sugestão e disseram para eles pensarem e dizerem a outra palavra em voz alta ou não pensarem (suprimirem). A supressão levou ao esquecimento. E quanto mais tentativas de supressão os alunos realizavam, pior era a memória para as palavras que vinham em segundo lugar.

A tarefa envolvia “supressão de recuperação”, ou a supressão de memórias eliciadas por meio de associações com pistas ambientais. Reflete a experiência comum de encontrar lembretes de pensamentos indesejados e deixá-los entrar ou afastá-los.

O método do urso branco, por outro lado, exige que as pessoas pensem diretamente sobre um urso branco sempre que se lembrarem das instruções da tarefa. “No urso branco, você está tentando suprimir o próprio ‘urso branco’, então você está pensando em ‘urso branco’. pense”, explicou Schacter.

A tarefa “pensar/não pensar” permite a supressão dos pensamentos porque o uso de pistas significa que as pessoas não são lembradas diretamente das memórias que estão tentando excluir.

O exercício do urso branco pode produzir um efeito real, dizem os especialistas. No entanto, os médicos generalizaram demais, segundo Anderson, agora na Universidade de Cambridge. “Você pode fazer supressão de recuperação, e isso funciona de uma maneira muito diferente.”

Como usar a supressão de memória como terapia ainda não está claro. Uma maneira é apenas ensinar as pessoas a praticá-la, disse Anderson. Em experimentos, o desempenho dos participantes na tarefa “pensar/não pensar” melhora de forma confiável com tentativas repetidas.

Os indivíduos podem, por exemplo, praticar parar seus pensamentos enquanto observam pistas relacionadas às suas próprias memórias ou medos perturbadores.