Pelo menos três pessoas morreram por causa da chuva que atingiu a cidade do Rio de Janeiro na noite de ontem (8).

Duas delas foram vítimas de um deslizamento no Morro da Babilônia, no Leme, zona sul da cidade. A terceira morte, por afogamento, foi registrada na Avenida Marquês de São Vicente, na Gávea. Segundo relatos, um homem que estava na garupa de uma moto acabou derrubado pela correnteza e arrastado pela água. Quando o alagamento na via diminuiu, o corpo foi encontrado preso embaixo de um carro.

O temporal que atingiu a cidade alagou ruas, derrubou árvores, destruiu carros e inundou túneis por toda a cidade.

A chuva também provocou o desabamento de mais um trecho da Ciclovia Tim Maia, na Avenida Niemeyer. Desta vez, a parte que caiu fica próxima do bairro de São Conrado. O desabamento ocorreu por volta das 22h, quando a via já estava fechada. Foi o quarto incidente desse tipo desde a inauguração da ciclovia, em janeiro de 2016. Um deles foi causado por ondas, durante uma ressaca, e três por temporais.

De acordo com dados do Alerta Rio, o sistema de monitoramento meteorológico da prefeitura do Rio, o volume de chuva acumulado em apenas quatro hora na noite dessa segunda foi até 70% maior do que o esperado para todo o mês de abril em alguns pontos dessas regiões.

Clima mais hostil
Segundo reportagem da BBC News Brasil, a tempestade pode estar associada ao temporal que matou 7 pessoas no Rio em fevereiro, aos alagamentos que mataram mais de 30 pessoas em São Paulo em março e a outros eventos climáticos extremos que têm ocorrido com frequência cada vez maior no mundo, como os incêndios na Califórnia, os invernos mais rígidos no hemisfério Norte, enchentes nos EUA e na Europa ou a destruição causada pelo ciclone Idai no Sul da África.

Segundo o ambientalista Carlos Rittl, secretário executivo do Observatório do Clima, esses eventos extremos “estão se tornando mais frequentes e mais intensos”, deixando as cidades – e seus moradores – cada vez mais vulneráveis. O Observatório do Clima é uma rede composta por 43 organizações da sociedade civil engajadas no combate às mudanças climáticas.

Em entrevista à BBC, Rittl disse que não é possível afirmar que um evento isolado é consequência do aquecimento global, sem antes realizar uma análise detalhada. Mas a soma de diversos eventos extremos, a maior frequência deles e sua maior intensidade definitivamente estão relacionadas à maior temperatura do planeta.

Na mesma reportagem, a geógrafa Ana Luiza Coelho Netto disse que chuvas intensas são esperadas nesta época do ano.

Ana Luiza é coordenadora do Laboratório de Geo-hidroecologia e Gestão de Riscos (Geoheco) da UFRJ e estuda os padrões dos regimes de chuva no país. Ela afirma que as alterações nesses padrões têm ocorrido numa velocidade surpreendente nas últimas décadas, acompanhando a velocidade das intervenções humanas e gerando impactos piorados pela falta de políticas públicas para lidar com o problema.

Fonte: Agência Brasil