04/09/2019 - 14:41
Medicamentos usados contra o câncer de mama podem levar algumas células cancerígenas a “adormecer”, abrindo caminho para que elas voltem à vida anos após o tratamento inicial, afirmam pesquisadores do Imperial College de Londres. O estudo foi publicado na revista “Nature Communications”.
Na etapa inicial da pesquisa, os cientistas examinaram cerca de 50 mil células únicas de câncer de mama humano no laboratório. Eles notaram que tratá-las com uma terapia hormonal deixava uma pequena proporção delas como que em estado inativo.
Segundo os pesquisadores, essas “células adormecidas” também podem fornecer pistas sobre o motivo pelo qual algumas células cancerígenas da mama se tornam resistentes ao tratamento, fazendo com que os medicamentos de uma paciente parem de funcionar e seu câncer retorne.
LEIA TAMBÉM: Estudo aponta aumento de câncer entre jovens
As terapias hormonais são usadas para tratar um tipo de câncer de mama chamado receptor positivo de estrogênio. Elas representam mais de 70% de todos os cânceres de mama e são alimentadas pelo hormônio estrogênio.
Resistência a medicamentos
Apesar do sucesso da terapia, cerca de 30% das pacientes com câncer de mama que usam terapias hormonais veem seu câncer retornar – às vezes até 20 anos após o tratamento. Esse câncer de retorno geralmente é metastático, o que significa que se espalhou pelo corpo e agora os tumores são resistentes a medicamentos.
“Durante muito tempo, os cientistas debatem se as terapias hormonais – que são um tratamento muito eficaz e salvam milhões de vidas – funcionam matando células cancerígenas da mama ou se as drogas as colocam em um estado adormecido”, diz Luca Magnani, principal autor do estudo. “Essa é uma questão importante, pois os tratamentos hormonais são usados na maioria dos cânceres de mama.”
“Nossas descobertas sugerem que os medicamentos podem realmente matar algumas células e mudar outras para esse estado adormecido. Se conseguirmos desvendar os segredos dessas células adormecidas, poderemos encontrar uma maneira de impedir que o câncer volte, mantendo as células no modo de sono permanente ou acordando-as e matando-as.”