11/07/2021 - 9:33
Os laboratórios BioNTech e Pfizer anunciaram nesta semana que planejam desenvolver vacinas de reforço diante do avanço da variante delta do novo coronavírus, inicialmente detectada na Índia e que é mais contagiosa.
Porém, se o coronavírus não mudar fundamentalmente na estrutura e composição como resultado de mutações, é possível que apenas pessoas com um sistema imunológico fraco precisem de fato de uma terceira dose do imunizante.
- O que se sabe sobre a variante delta do coronavírus?
- É hora de escolher qual vacina contra a covid-19 devemos tomar?
Exemplos seriam idosos ou pacientes que têm seu sistema imunológico afetado por medicamentos. Este foi o resultado de um estudo americano sobre o efeito a longo prazo com vacinas do tipo mRNA (RNA mensageiro), como a da Pfizer, realizado no final de junho.
As agências americanas FDA e HHS reagiram com contenção ao anúncio feito pela Pfizer e pela BioNTech em uma declaração conjunta: de acordo com o conhecimento atual, os americanos totalmente vacinados não precisam de uma vacinação de reforço.
A Pfizer diz que está preparada para produzir doses de reforço caso as evidências científicas mostrem que elas são necessárias. As autoridades sanitárias americanas estudam a questão, mas não se agarram apenas aos dados das empresas farmacêuticas.
O que dizem os laboratórios?
A Pfizer e a BioNTech sugerem haver um declínio na eficácia protetora da vacina contra o coronavírus depois de seis meses.
“Como já ficou claro com base nos dados de campo coletados pelo Ministério da Saúde de Israel, a eficácia protetora da vacina contra infecções e doenças sintomáticas diminui seis meses após a segunda vacinação”, disse uma declaração conjunta das empresas.
Com base nos dados disponíveis até o momento, prossegue a nota, “é provável que uma terceira dose seja necessária dentro de seis a 12 meses após a vacinação completa”.
Ao mesmo tempo, as duas farmacêuticas dizem acreditar que uma terceira dose proporcionará alto nível de proteção contra todas as variantes de coronavírus testadas até o momento.
Por que uma terceira dose seria necessária?
Normalmente, o efeito de reforço já é desencadeado pela segunda dose: se o contato com o mesmo patógeno ocorrer novamente – seja através da segunda dose ou através de uma infecção – há uma resposta aumentada e acelerada por parte do sistema imunológico.
Esta reação é desencadeada pela formação das chamadas células de memória durante a reação inicial. As células de memória reconhecem novamente o antígeno e podem reagir muito mais rapidamente para destruir o patógeno. É por isso que a segunda dose é tão importante para todos. E é por isso que as pessoas curadas só recebem uma dose, porque seu corpo já conhece o patógeno.
Com algumas vacinas, como o sarampo, uma dose apenas dura uma vida inteira. Outras vacinas, como a contra o tétano, requerem um reforço a cada dez anos.
A discussão atual mostra que dados confiáveis sobre o efeito a longo prazo das vacinas contra a covid-19 só estão disponíveis até o momento de forma limitada. Isso porque os dados de longo prazo correspondentes ainda são inevitavelmente inexistentes e porque obviamente também existem dados diferentes sobre os respectivos grupos de idade e risco. Particularmente em pessoas com um sistema imunológico já enfraquecido, como os idosos, a resposta imunológica pode não ser tão forte.
Na Alemanha, por exemplo, espera-se que as equipes de vacinação tenham que visitar novamente os lares de idosos e asilos no outono, pois são precisamente esses grupos de risco que têm um sistema imunológico fraco que podem precisar de um reforço adicional, ou seja, de um reforço da vacinação.
Que risco tem a terceira dose para a proteção global?
De uma perspectiva global, o debate sobre a terceira dose vem em um momento inoportuno. Enquanto em muitas nações industrializadas, até o fim do verão no Hemisfério Norte, haverá vacina para todos, muitos países mais pobres da Ásia, África e América Latina não conseguiram sequer começar a vacinação devido à escassez de doses.
De acordo com um estudo recente publicado na revista científica The Lancet, os países mais ricos do mundo, lar de quase 16% da população mundial, asseguraram cerca de 70% das cinco principais vacinas no mercado. Nos países pobres, apenas 0,2% de todas as vacinas foram administradas, de acordo com a OMS. Com base nestes dados, a vacinação em massa nestes países mais pobres não poderia começar antes de 2024, na melhor das hipóteses, segundo a revista The Economist.
Isso não é apenas uma questão de equidade: globalmente, a pandemia está longe de ter terminado. Se, devido à falta de vacinas nos países mais pobres, as variantes do vírus continuarem a se espalhar tão rapidamente e se adaptarem cada vez melhor aos seres humanos, isso pode se tornar novamente um problema sério também para os países mais ricos a médio prazo.