22/04/2019 - 12:39
Uma equipe feminina de cientistas da Universidade Estadual do Oregon, nos Estados Unidos, vai passar seis meses na Estação Palmer – uma das três estações de pesquisa do Programa Antártico dos EUA – estudando como a dieta de inverno do krill afeta sua saúde.
O krill é um tipo de invertebrado semelhante ao camarão, e uma espécie-chave na região, já que é um alimento crítico para uma variedade de animais no Oceano Austral, como baleias, incluindo a azul, focas, aves marinhas, pinguins e peixes.
A pesquisa será liderada pela oceanógrafa Kim Bernard e terá mais duas cientistas mulheres: a doutoranda Kirsten Steinke e a estudante de graduação Julia Fontana. A equipe já está na Antártida, a caminho da Estação Palmer. Elas serão as únicas cientistas que passarão o inverno por lá, enfrentando temperaturas de -10oC e ventos fortíssimos de 130 km/h, e apenas cinco horas de luz solar por dia.
Pesquisas em anos anteriores conduzidas por Kim mostraram que o krill, na idade jovem, reage de maneiras diferentes dependendo da quantidade e do tempo de formação do gelo marinho e dependendo das algas que vivem nele. As cientistas estão estudando o krill juvenil porque ele precisa de mais nutrientes do que o adulto para se desenvolver.
No primeiro ano do estudo realizado pela equipe, as pesquisadoras descobriram que, quando o gelo do mar se formou cedo e era razoavelmente abundante, o krill foi capaz de satisfazer as suas necessidades energéticas mínimas de inverno alimentando-se das algas. Porém, no ano seguinte, quando o gelo do mar se formou mais tarde, as algas foram menos abundantes e forneceram apenas 16% das necessidades energéticas do invertebrado. É uma perda importante, porque o krill precisa comer algas para crescer.
Esse primeiro estudo, publicado recentemente no periódico “ICES Journal of Marine Science”, soou um sinal de alerta sobre o abastecimento de alimentos para os animais do Oceano Austral à luz das mudanças climáticas. Isso porque quando a temperatura está mais alta, o gelo demora mais a se formar, resultando em uma área menor de habitat para algas, que alimentam o krill, se desenvolverem.
A Estação Palmer é extremamente remota – leva pelo menos quatro dias de navio para chegar lá. No meio do inverno, o gelo do mar pode torná-la completamente inacessível. Por isso, as pesquisadoras tiveram que passar por uma série de exames médicos rigorosos antes de serem aprovadas para a viagem. E não poderão sair de lá até meados de outubro.
“É mais rápido tirar alguém da Estação Espacial Internacional para receber atendimento médico do que da Estação Palmer”, disse Kim Bernard em entrevista ao site “I Fucking Love Science“. Uma viagem da Terra até a EEI demora cerca de dois dias, mas astronautas russos já conseguiram fazer o trajeto em apenas seis horas.
A equipe de Kim está compartilhando imagens da expedição em sua conta no Instagram.