Presidente falou que não comenta prisão preventiva de ex-presidente ordenada por Alexandre de Moraes. ” Justiça decidiu. Está decidido”, disse, durante reunião do G20 na África do Sul.Ao ser questionado sobre a prisão preventiva de Jair Bolsonaro , o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste domingo (23/11) que não comenta decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

“A primeira coisa é que eu não faço comentário sobre decisão da Suprema Corte. A Justiça tomou uma decisão. Ele foi julgado. Ele teve todo o direito à presunção de inocência. Foram praticamente dois anos e meio de investigação, de delação, de julgamento”, afirmou o presidente.

“Então, a Justiça decidiu. Está decidido. Ele vai cumprir a pena que a Justiça determinou. E todo mundo sabe o que ele fez”, disse a jornalistas após encontro da Cúpula de Líderes do G20, em Joanesburgo, na África do Sul.

O ex-presidente foi levado no sábado à Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, por risco de fuga durante sua prisão domiciliar. Bolsonaro tentou romper sua tornozeleira eletrônica, e seu histórico apontava para uma possível rota de fuga por meio de embaixadas próximas à sua casa, indicou Moraes em seu despacho.

Bolsonaro foi condenado em setembro a 27 anos e 3 meses de prisão pela tentativa de golpe de Estado após a derrota na eleição de 2022, e o cumprimento da sentença é iminente, já que a fase de recursos chegou ao fim.

A decisão de Moraes ocorreu após o senador Flávio Bolsonaro ter convocado uma “vigília” na frente do condomínio onde mora o ex-presidente, que é seu pai, o que poderia dificultar uma eventual prisão nos próximos dias, segundo alega o ministro.

Sobre reação de Trump

Lula também reagiu ao comentário do presidente americano, Donald Trump. Ao ser questionado sobre a prisão, o republicano disse que não tinha ficado sabendo da notícia e lamentou a decisão: “uma pena”.

“Não tem nada a ver. O Trump tem que saber que nós somos um país soberano, que a nossa Justiça decide. E o que está decidido aqui está decidido”, disse Lula.

No pedido de prisão, Alexandre de Moraes cita a proximidade de Bolsonaro e Trump e sugere que a embaixada dos Estados Unidos poderia ser procurada em uma possível tentativa de fuga.

O ministro também cita os deputados Alexandre Ramagem e Eduardo Bolsonaro, aliado foragido e filho do ex-presidente que estão nos Estados Unidos, como evidências de um risco de fuga do ex-presidente.

A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil criticou a ordem de Moraes como uma medida “provocativa e desnecessária” e voltou a atacar o ministro.

“O juiz Moraes, um violador de direitos humanos sancionado, expôs o Supremo Tribunal Federal do Brasil à vergonha e ao descrédito internacional ao desrespeitar normas tradicionais de autocontenção judicial e politizar de forma escancarada o processo judicial”, publicou a embaixada em seu perfil na rede social X.

“Os Estados Unidos estão profundamente preocupados diante de seu mais recente ataque ao Estado de Direito e à estabilidade política no Brasil: a provocativa e desnecessária prisão do ex-presidente Bolsonaro, que já estava em prisão domiciliar sob forte vigilância e com rígidas restrições de comunicação. Não há nada mais perigoso para a democracia do que um juiz que não reconhece limites para seu poder”, diz o post.

A mensagem é a tradução de um comentário feito por Christopher Landau, vice-secretário de Estado americano, em sua conta no X.

Cúpula do G20

O presidente brasileiro destacou em seu discurso na cúpula de líderes do G20 a urgência de uma transição energética justa e o papel central do grupo das maiores economias globais na construção de um novo modelo econômico comprometido com a sustentabilidade.

“Entramos agora numa nova etapa, que exigirá esforço simultâneo em duas frentes: acelerar as ações de enfrentamento da mudança clima e nos preparar para uma nova realidade climática. O G20 cumpre papel central em ambas”, disse.

Os Estados Unidos boicotaram a cúpula deste ano , alegando que as prioridades da presidência sul-africana do G20, como ações climáticas, transição energética e justiça para países em desenvolvimento, “contrariam as posições de política dos EUA”.

sf (Agência Brasil, OTS)