China deve retomar compra de soja americana, manter fluxo de exportação de terras raras e combater tráfico de fentanil. Em troca, EUA reduzem taxas de importação de produtos chineses de 57% para 47%.O presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta quinta-feira (30/10) que teve uma reunião “incrível” com o presidente chinês, Xi Jinping, afirmando ter chegado a um acordo para reduzir as tarifas sobre a China. Em contrapartida, Pequim deve retomar a compra de soja americana, manter o fluxo de exportações de terras raras e combater o tráfico de fentanil.

“Acho que foi uma reunião incrível”, disse Trump após o encontro com Xi Jinping em uma base aérea na cidade sul-coreana de Busan. Ele elogiou o Xi como “um líder extraordinário de um país muito poderoso” e anunciou que visitará a China em abril. “Irei à China em abril, e ele virá aqui logo depois, seja para a Flórida, Palm Beach ou Washington”, disse Trump a repórteres a bordo do Air Force One.

A reunião de duas horas, realizada à margem da cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) em Busan, Coreia do Sul, foi o primeiro encontro presencial entre Xi e Trump desde 2019.

Pouco depois, a China confirmou que suspenderá por um ano a implementação dos controles de exportação sobre terras raras e outros materiais estratégicos, adotados em 9 de outubro.

Em resposta aos obstáculos às exportações de terras raras – grupo de minerais essenciais em diversas indústrias cuja produção e processamento a China controla globalmente –, Trump havia ameaçado nas últimas semanas impor uma tarifa adicional de 100% sobre produtos chineses a partir de 1º de novembro.

“Grande sucesso”

Trump classificou seu encontro com Xi como um “grande sucesso”, afirmando que os dois líderes concordaram com um acordo que inclui a redução das tarifas americanas sobre produtos chineses de 57% para 47%.

Em troca, Pequim prometeu manter o fluxo de exportações chinesas de terras raras. Trump acrescentou que a China também compraria “grandes quantidades” de soja americana e intensificaria o combate ao tráfico de fentanil. O acordo permanecerá em vigor por pelo menos um ano.

Por sua vez, Xi enfatizou que chegou a um “consenso” com Trump para resolver suas disputas comerciais e pediu que o trabalho subsequente seja concluído “o mais rápido possível”, segundo a mídia estatal chinesa.

O republicano também revelou que, após o encontro, “grandes quantidades de soja e outros produtos agrícolas serão compradas imediatamente”.

O setor agrícola dos EUA foi duramente atingido pela guerra comercial entre EUA e China, com os produtores de soja americanos tendo sido os mais afetados, registrando uma queda de 3 bilhões de dólares (R$ 16 bilhões) no comércio com a China no primeiro semestre de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024.

Tradicionalmente, a China tem sido a maior compradora de soja dos EUA, adquirindo quase metade da safra em 2024. Mas as tarifas retaliatórias chinesas sobre a soja praticamente paralisaram as vendas da leguminosa dos EUA para a China a partir de maio.

O acordo pode representar um grande revés para países latino-americanos como Brasil e Argentina, que aumentaram suas exportações para o gigante asiático em meio à disputa entre Washington e Pequim.

Terras raras, fentanil

Trump acrescentou que também foi assinado um acordo renovável de um ano referente ao fornecimento de elementos de terras raras pela China, essenciais para indústrias como a de defesa e a de tecnologia.

“Tudo relacionado às terras raras foi resolvido, e isso vale para o mundo”, disse o presidente americano a repórteres a bordo do Air Force One.

No início de outubro, Pequim havia anunciado restrições à exportação desses materiais, um setor no qual a China tem enorme domínio.

“Quanto ao fentanil, concordamos que ele trabalharia muito para interromper seu fluxo. Impus uma tarifa de 20% sobre a China devido à entrada” desse opioide, disse Trump, que, pelo mesmo motivo, ameaçou o México. “Vou reduzi-la em 10%”, acrescentou.

Fentanil é um opioide sintético que é o principal medicamento responsável por mortes por overdose nos Estados Unidos. A China é a principal fonte dos precursores químicos usados na produção de fentanil.

Os mercados chineses reagiram positivamente à esperança de uma redução das tensões comerciais.

md/cn (AFP, Reuters, EFE)