Encarregado de lidar com a imigração no novo governo republicano promete priorizar deportações e operações de busca de ilegais em locais de trabalho. Assessor anti-imigração Stephen Miller ganha cargo na Casa Branca.O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou como encarregado de lidar com a imigração em seu segundo mandato o ex-diretor interino da agência de Imigração e Fiscalização Aduaneira (ICE) Tom Homan.

Conhecido como um “linha dura”, Homan prometeu priorizar as deportações de imigrantes ilegais que segundo ele representam ameaças à sociedade, inclusive com operações em locais de trabalho para identificar pessoas em situação irregular.

Em postagem em sua plataforma Truth Social, Trump disse que Homan será “encarregado das fronteiras de nossa nação (‘o czar das fronteiras’), incluindo, mas não se limitando, a fronteira sul, a fronteira norte e toda a segurança marítima e de aviação”, o que inclui a deportação de imigrantes ilegais.

O republicano, que toma posse em janeiro, fez da repressão a pessoas em condição ilegal no país um elemento central de sua campanha, prometendo inclusive realizar deportações em massa.

Ele deverá mobilizar agências de todos os ramos do governo dos EUA para ajudá-lo a deportar um número recorde de imigrantes em uma operação que, segundo o vice-presidente eleito, J.D. Vance, poderia expulsar do país em torno de 1 milhão de pessoas por ano.

Fim das “cidades santuário”?

Homan afirmou nesta segunda-feira (11/11) que dará prioridade às deportações de pessoas em condição de ilegalidade que representem ameaças à segurança e à proteção, bem como aquelas que trabalham em condições irregulares.

“Ameaças à segurança pública e à segurança nacional serão a prioridade […] elas representam o maior perigo para este país”, disse Homan em entrevista à emissora americana Fox News em uma entrevista, acrescentando que “as operações nos locais de trabalho têm que acontecer”.

Homan, que foi várias vezes elogiado por Trump durante a campanha, disse que também se concentraria em deportar imigrantes que receberam ordens para deixar o país após terem seus pedidos de asilo negados. “No final do devido processo legal, se o juiz disser que você deve ir para casa, então temos que levá-lo para casa”, disse Homan à Fox.

Ele pediu a cooperação das polícias locais e alertou que se as jurisdições conhecidas como “cidades santuário” lideradas pelos democratas, como Nova York, resistirem, ele consideraria enviar mais agentes da ICE a essas municipalidades. “Faremos o trabalho com ou sem eles”, disse Homan.

Homan estava entre vários altos funcionários de imigração de Trump que, em 2018, recomendaram que o governo implementasse uma política de fronteira mais rigorosa, o que resultou na separação de milhares de famílias migrantes na fronteira.

Entidades de defesa dos direitos dos imigrantes afirmam que o esforço de deportação prometido por Trump será custoso, divisivo e desumano, levando a separações devastadoras de famílias e comunidades.

Assessor anti-imigração ganha cargo na Casa Branca

Trump também deverá nomear seu conselheiro de imigração e ex-assessor Stephen Miller como chefe adjunto de gabinete para políticas da Casa Branca. Vance pareceu confirmar a nomeação nesta segunda-feira, ao postar na rede social X uma mensagem afirmando que Miller era “mais uma escolha fantástica do presidente”.

Miller é um dos assessores mais antigos de Trump, estando ao seu lado desde sua primeira campanha para a Casa Branca. Ele foi um de seus principais conselheiros no primeiro mandato e tem sido figura central em muitas de suas decisões políticas, particularmente sobre imigração, incluindo a decisão de Trump de separar milhares de famílias de imigrantes em 2018, como uma espécie de programa de dissuasão à imigração.

Ele também ajudou a elaborar grande parte dos discursos mais linha-dura de Trump, tendo sido frequentemente o rosto público dessas políticas durante o primeiro mandato do presidente eleito e em suas campanhas.

Desde que deixou a Casa Branca, Miller atuou como presidente da America First Legal, uma organização de ex-assessores de Trump criada como uma versão conservadora da American Civil Liberties Union, no intuito de pressionar o governo do presidente Joe Biden, empresas de mídia, universidades e outras instituições sobre questões como liberdade de expressão, religião e segurança nacional.

Miller também foi uma presença constante durante a campanha de Trump, viajando a bordo de seu avião e frequentemente discursando antes dele em seus comícios.

Outros nomes já confirmados

A primeira escolha de Trump para compor sua equipe no próximo mandato foi a da chefe de gabinete. Na semana passada, o presidente eleito dos Estados Unidos anunciou Susie Wiles para assumir o cargo.

Wiles, de 67 anos, é a primeira mulher nomeada para a função, que consiste em gerenciar a equipe da Casa Branca, organizar o tempo e a agenda do mandatário e manter contato com outros departamentos do governo e do poder. É considerado um dos cargos de maior influência sobre o presidente.

Tida como uma das principais arquitetas da vitória de Trump, Wiles foi uma das gerentes de campanha do republicano, ao lado do colega Chris LaCivita. Eles foram responsáveis por conduzir uma operação mais disciplinada para a terceira candidatura presidencial de Trump em comparação com suas campanhas anteriores.

Os apoiadores esperam que ela consiga incutir um senso de ordem e disciplina que muitas vezes faltou durante o primeiro mandato de quatro anos de Trump, quando ele passou por vários chefes de gabinete.

Trump também anunciou nesta segunda-feira a congressista republicana Elise Stefanik como sua embaixadora nas Nações Unidas. A republicana de 40 anos representa o estado de Nova York na Câmara dos Representantes, em Washington.

“Estou honrado em nomear Elise Stefanik para servir em meu gabinete como embaixadora dos EUA nas Nações Unidas”, disse Trump, em nota. “Elise é uma lutadora incrivelmente forte, resistente e inteligente do America First.”

A congressista chegará à ONU após promessas ousadas de Trump de pôr fim à guerra entre Rússia e Ucrânia e ao conflito na Faixa de Gaza.

rc/bl (AP, Reuters)