17/10/2025 - 17:50
Ao lado de Zelenski, americano evitou se comprometer com fornecimento de mísseis a Kiev, um dia após ligação com Putin. Arma é considerada “decisiva” pela Ucrânia.O presidente dos EUA, Donald Trump, sugeriu nesta sexta-feira (17/10) que seria prematuro fornecer a Kiev os mísseis americanos Tomahawk. Segundo ele, a guerra na Ucrânia poderia ser encerrada sem o emprego do armamento de longo alcance contra alvos no interior da Rússia.
Trump indicou sua decisão ao receber o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, na Casa Branca, frustrando a principal demanda levada pelo líder ucraniano ao encontro. Esta é a terceira visita do ucraniano aos EUA desde o início do ano.
“Não é fácil darmos [à Ucrânia] um grande número de armas poderosas. Espero que não precisem delas. Espero que consigamos acabar com a guerra sem precisar pensar em Tomahawks”, disse Trump a jornalistas, enquanto os dois líderes se reuniam na Casa Branca.
Zelenski, que foi a Washington para pressionar pela obtenção dos mísseis, disse, no entanto, que estaria disposto a trocar milhares de drones ucranianos por Tomahawks.
O armamento é visto pela Ucrânia como decisivo para forçar o presidente da Rússia, Vladimir Putin, a avançar nas tratativas de paz. A atual versão produzida do Tomahawk pode alcançar com precisão alvos a 1,6 mil quilômetros de distância.
Putin alertou contra o uso dos mísseis
A postura relutante de Trump ocorre um dia após ele marcar uma nova cúpula de paz com Putin, a ser realizada em Budapeste. Em tratativas por telefone, o presidente russo alertou a Trump que o fornecimento do armamento representaria uma deterioração dos laços Washington-Moscou.
Trump disse querer evitar “uma grande escalada” no conflito e acrescentou que acredita que Putin “quer acabar com a guerra”. Segundo ele, os EUA precisam ter cuidado para não esgotar seus próprios estoques de Tomahawks.
Anteriormente, o presidente americano havia indicado que acataria o fornecimento de unidades do míssil se Putin não caminhasse para um acordo de paz. As conversas diplomáticas para encerrar a invasão russa, porém, estão paralisadas desde a cúpula no Alasca, ocorrida em agosto.
O tom conciliador de Trump após a ligação com Putin levantou dúvidas sobre a probabilidade de assistência à Ucrânia no curto prazo e reacendeu temores europeus de um acordo que favoreça Moscou.
Zelenski pressiona pelo armamento e oferece drones
Zelenski parabenizou Trump por seu recente acordo de paz no Oriente Médio, em Gaza, e disse que esperava que ele fizesse o mesmo pela Ucrânia. Também pressionou pelo fornecimento do armamento.
“Os Estados Unidos têm Tomahawks e outros mísseis, mísseis muito fortes, mas eles podem ficar com nossos milhares de drones”, sugeriu. Kiev tem produzido e desenvolvido novas tecnologias dos dispositivos aéreos desde o início da guerra.
Ao chegar em Washington na quinta-feira, Zelenski havia ironizado a nova cúpula entre Trump e Putin. “Já podemos ver que Moscou está correndo para retomar o diálogo assim que ouve falar dos Tomahawks”, escreveu ele no X.
Negociações frustradas
Desde o início de seu segundo mandato, a posição do presidente americano sobre a guerra na Ucrânia tem mudado. Inicialmente, Trump e Putin se aproximaram enquanto o líder dos EUA ridicularizava Zelenski como um “ditador sem eleições”.
As tensões chegaram ao auge em fevereiro, quando Trump acusou seu colega ucraniano de “não ter as cartas na mão” durante uma reunião ríspida no Salão Oval. As relações entre os dois desde então esfriaram, à medida que o americano expressou crescente frustração com Putin.
Mas Trump manteve um canal de diálogo aberto com Putin, dizendo que eles “se dão bem”.
O líder dos EUA mudou repetidamente sua posição sobre sanções e outras medidas contra a Rússia após ligações com o russo.
A Rússia agora ocupa cerca de um quinto do território ucraniano, grande parte devastado pelos combates. Nesta sexta-feira, o Ministério da Defesa russo anunciou que havia capturado três vilarejos nas regiões ucranianas de Dnipropetrovsk e Kharkiv.
gq (Reuters, AFP)