O tubarão-da-Groenlândia, animal vertebrado que possui a maior longevidade do mundo, podendo viver até 400 anos, e habita o Atlântico Norte e o Oceano Ártico, viralizou nas redes sociais durante esta semana. As imagens do espécime, que tem 518 anos, no mar do Caribe repercutiram na internet. O fato mais recente relacionado ao peixe é a divulgação de uma pesquisa que sequenciou seu genoma e foi publicada na biorXiv no dia 10 de setembro.

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De acordo com o “National Geographic”, em julho de 2022, um tubarão-da-Groenlândia foi visto nas proximidades da costa de Belize pela pesquisadora Devanshi Kasana, da Universidade Internacional da Flórida, que almejava marcar tubarões-tigre com o auxílio de pescadores locais.

“Eu sabia que era algo incomum e os pescadores também, que nunca tinham visto nada parecido em todos os seus anos de pesca combinados.”, afirmou a pesquisadora. O achado foi inusitado, já que os animais raramente deixam as águas profundas e geladas do Oceano Ártico.

Os tubarões-da-Groenlândia podem atingir sete metros de comprimento e um peso de 1,5 tonelada. Os animais são conhecidos por se alimentar principalmente de carcaças de mamíferos que afundam nas profundezas do oceano, apesar de também caçarem peixes, focas e lulas.

Genoma do tubarão-da-Groenlândia

Na pesquisa publicada na bioXiv, coordenada pelo Instituto de Envelhecimento Fritz Lipmann, da Alemanha, foi divulgado o sequenciamento do DNA da espécie. O mapa do genoma é necessário para que possam ser identificados os mecanismos que permitem que o animal sobreviva, se desenvolva e se reproduza.

“A dimensão enorme do genoma do tubarão da Groenlândia se deve principalmente à presença de elementos repetitivos e muitas vezes autorreplicantes”, disse Alessandro Cellerino, neurobiologista do Instituto Fritz Lipmann e da Normale e um dos autores do estudo.

“Esses elementos transponíveis, às vezes chamados de genes saltadores ou egoístas e muitas vezes considerados parasitas genômicos, representam mais de 70% do genoma deste animal. Um alto conteúdo de repetição é muitas vezes considerado prejudicial, pois os genes saltadores podem danificar o DNA. No caso do tubarão da Groenlândia, entretanto, isso não parece acontecer”, acrescentou Cellerino.

Os cientistas suspeitam que a expansão de elementos transponíveis pode até ter contribuído para a extrema longevidade do animal, porque muitos genes duplicados estão envolvidos na reparação de danos no DNA.

“Uma descoberta notável dos estudos genômicos comparativos é que as espécies de mamíferos de vida longa são excepcionalmente eficientes na reparação do seu DNA, e os resultados do nosso estudo parecem indicar que esses elementos (transponíveis), na sua duplicação, ‘sequestraram’ genes de reparação, que também foram duplicados”, concluiu o pesquisador italiano.

*Com informações da Ansa