08/07/2025 - 14:58
No início deste mês, astrônomos oficializaram uma descoberta significativa – a identificação do terceiro objeto interestelar conhecido a entrar no Sistema Solar.
Batizado de 3I/ATLAS, ele também é chamado de C/2025 N1 (ATLAS). O 3I de seu nome remete justamente ao título de “terceiro interestelar” avistado em nosso sistema galáctico. Ele foi capturado pelo telescópio remoto Deep Random Survey no Chile, parte do projeto ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System).
Esse objeto é ainda mais peculiar e brilhante do que os anteriores: 1I’Oumuamua, em 2017, e 2I/Borisov, em 2019. Mas, para dimensionar a importância da descoberta, é preciso entender mais sobre o 3I/ATLAS.
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O que é o 3I/ATLAS?
De modo geral, o 3I/ATLAS é um cometa. Ele adentrou o Sistema Solar vindo de uma outra região e, ao ser analisado com cautela, pode-se perceber que possui uma calda característica de tais corpos celestes.
É por isso que um segundo nome foi designado para o objeto, já que “C/2025 N1” é a nomenclatura padrão dada para cometas.
Como sabemos que ele vem de outro sistema estelar?
Quando astros ou corpos celestes são avistados, é considerado que eles possam ser naturais ao nosso Sistema Solar e que, apesar de só serem identificados agora, já orbitam a região. Esse não é o caso do 3I/ATLAS.
O cometa se destacou especialmente por causa de sua trajetória, que comprova uma origem longínqua. Ao estudarem a órbita de um objeto, os cientistas classificam níveis de excentricidade – ou seja, o formato da rota e o quanto ela é próxima a um círculo perfeito.
Assim, qualquer objeto com excentricidade acima de 1 está em uma trajetória que não retorna ao redor do Sol, o que implica que ele vem, e retornará, do espaço interestelar. Diferente dos objetos anteriores, com excentricidade perto de 1, o 3I/ATLAS pontua 6,2.
Em suma, o novo cometa não está gravitacionalmente ligado ao nosso Sol, transitando pelos espaços estelares.
Diferenças entre 3I/ATLAS e objetos interestelares anteriores
Além da notável excentricidade acima de 6, o 31/ATLAS é muito maior que os irmãos anteriores, 1I’Oumuamua e 2I/Borisov. Ele também é o mais brilhante e luminoso entre os três.
“O 3I/ATLAS é muito maior que os outros dois – tem cerca de 15 quilômetros (km) de diâmetro em comparação com 100 m para o 1I/’Oumuamua e menos de 1 km para o 2I/Borisov”, explica Olivier Hainaut, astrônomo do Observatório Europeu do Sul, ao Space.com.
O cometa pode atingir a Terra?
Não! Na verdade, o 3I/ATLAS está muito longe da Terra, a cerca de 520 milhões de km de distância, e não oferece nenhum risco para o planeta.
Ele chegará a aproximadamente 270 milhões de km da Terra em 19 de dezembro e, em nenhum momento, representará uma ameaça. Atualmente, o 3I/ATLAS está na órbita de Júpiter, a aproximadamente 670 milhões de km do Sol.
Por que a descoberta é tão relevante?
A confirmação da identificação do 31/ATLAS evidenciou que tais “errantes interestelares” são relativamente comuns em nossa galáxia. Por ser significativamente maior do que os anteriores, o cometa mostra-se como um promissor objeto de pesquisa.
Pode ser uma boa oportunidade para cientistas, já que corpos interestelares oferecem uma conexão tangível com outros sistemas estelares e carregam vestígios químicos que podem esclarecer como os sistemas planetários se formam – ou até dar evidências de vida em outros lugares da galáxia.
“Eles, sem dúvida, carregam assinaturas químicas de fora do sistema solar, então obter observações nos diz muito sobre a possibilidade de material viajar entre sistemas planetários. Se um dia conseguirmos obter uma amostra de um deles, seria um avanço incrível”, alegou o professor Martin Barstow, da Escola de Física e Astronomia da Universidade de Leicester, ao Space.com.