22/09/2023 - 15:05
Míssil atinge sede da Marinha russa no território no Mar Negro anexado ilegalmente por Moscou e disputado pelos dois países. Kiev intensifica frequência dos ataques a alvos militares na região e obtém ganhos importantes.A Ucrânia realizou nesta sexta-feira (22/09) um ataque à sede da frota naval da Rússia no Mar Negro que deixou um edifício em chamas e ao menos um militar russo desaparecido, segundo informações de ambos os lados no conflito.
Ao menos um míssil ucraniano atingiu instalações militares russas na cidade de Sevastopol, na Península da Crimeia, ao mesmo tempo em que um ataque cibernético de grandes proporções interrompeu os serviços de internet na região.
O comando militar ucraniano informou em nota que suas forças “atacaram com sucesso a sede da frota russa no Mar Negro na cidade temporariamente ocupada de Sevastopol”, sem, no entanto, fornecer maiores detalhes.
“Tínhamos prometido que haveria mais ataques”, afirmou o comandante da Força Aérea ucraniana, o tenente-coronel Mykola Oleschuk, em postagem nas redes sociais, na qual agradeceu aos pilotos e postou um vídeo de um edifício em chamas com sirenes soando ao fundo.
O Ministério da Defesa da Rússia confirmou o ataque e acrescentou que suas defesas antiaéreas abateram cinco drones ucranianos.
O governo local instaurado pela Rússia após a anexação alertou a população para que evitasse a região central de Sevastopol, onde está localizado o edifício da Marinha russa, enquanto equipes de bombeiros trabalhavam no local para conter o incêndio.
O governador Mikhail Razvozhayev informou que não houve vítimas civis ou danos à infraestrutura da cidade.
Território disputado
A Península da Crimeia foi anexada ilegalmente pela Rússia em 2014. Um dos maiores objetivos de Kiev no conflito com as forças do Kremlin é a reconquista da região, que era parte integral de seu território.
A Crimeia é utilizada pelos russos como um ponto de apoio fundamental para o sucesso de sua guerra de agressão na Ucrânia, especialmente no que diz respeito às operações da Marinha.
Kiev vem aumentando nas últimas semanas a frequência dos ataques às instalações russas na Península e obtendo ganhos importantes, enquanto sua contraofensiva avança lentamente no leste e no sul do país.
O think tank americano Instituto para o Estudo da Guerra disse que imagens de satélite desta semana comprovam que ataques ucranianos danificaram gravemente um centro de comunicações em Verkhnosadove, nos arredores de Sevastopol.
As autoridades em Sevastopol acusam Kiev de estar por trás do maior ataque à Crimeia em semanas ocorrido no dia 13 de setembro, que danificou dois navios russos em um estaleiro considerado estratégico e causaram um incêndio no local.
Dois dias antes, a Ucrânia alegou ter reconquistado plataformas estratégicas de gás natural e petróleo no Mar Negro que haviam sido tomadas pela Rússia em 2015.
Essas estruturas seriam utilizadas pelos russos como instalações de equipamentos de guerra eletrônica e para o lançamento de helicópteros. Kiev afirma que a recaptura desses locais poderá ajudar na reconquista da Crimeia.
Zelenski no Canadá
Analistas avaliam que para os ucranianos é fundamental a continuidade das ações contra alvos russo na Crimeia, que contribuem para abalar a confiança das tropas russas e enfraquecer o inimigo.
Nesta quinta-feira, a Rússia bombardeou várias cidades em diferentes regiões da Ucrânia com mísseis e ataques de artilharia, matando ao menos 5 pessoas.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, se reuniu em Washington com seu homólogo americano, Joe Biden, que encaminhou um novo pacote de ajuda a Kievde 24 bilhões de dólares, apesar da resistência de uma parcela de congressistas da ala mais à direita do Partido Republicano.
Zelenski chegou ao Canadá nesta sexta-feira, onde fez um pronunciamento ao Parlamento como parte de seus esforços para dar novo impulso ao apoio dos parceiros ocidentais.
Nesta semana, Zelenski pediu em discurso na Assembleia Geral da ONU que o mundo continue firme ao lado da Ucrânia contra o que chamou de “genocídio” russo. Ele se reuniu com vários líderes à margem do evento em Nova York, inclusive com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
rc (AP, Reuters)