Após relato de nova cepa do vírus na Suécia, agência de saúde da União Europeia pediu atenção e cuidado. O ECDC disse que novos casos são “altamente prováveis”, mas risco permanece “baixo”.A agência de saúde da União Europeia pediu nesta sexta-feira (16/08) aos países membros do bloco que se preparem para mais casos de infecção pela nova cepa da mpox. O alerta veio um dia depois que o primeiro caso de infecção pelo vírus fora da África foi relatado, na Suécia.

O paciente sueco foi infectado durante viagem ao continente africano com a nova variante, mpox clado 1, um tipo mais contagioso que fez disparar os casos da doença na República Democrática do Congo (RDC), e que se espalhou por países vizinhos como o Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda.

O Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) disse que a variante representa um risco “baixo”, mas recomenda que as autoridades de saúde pública “mantenham altos níveis de planejamento, de preparação e atividades de conscientização para permitir a rápida detecção e resposta”.

“Testem, testem, testem, a fim de encontrar os casos suspeitos na Europa o mais rápido possível e evitar uma maior disseminação”, aconselhou a diretora do centro, Pamela Rendi-Wagner.

A agência elevou sua avaliação de risco da cepa na Europa para moderado. O risco era alto para viajantes para áreas afetadas na África em contato próximo com pessoas e moderado para seus contatos.

O órgão sediado em Estocolmo disse que era “altamente provável” que mais casos aparecessem na Europa.

“Devido aos laços estreitos entre Europa e África, devemos estar preparados para mais casos importados do clado 1”, disse a diretora do ECDC, Pamela Rendi-Wagner, em comunicado.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou esta semana que a disseminação da nova cepa é uma emergência de saúde pública de interesse internacional, o alerta máximo para infecções.

O que é a mpox?

A doença, primeiramente chamada de varíola dos macacos, é uma infecção viral que causa sintomas semelhantes aos da gripe e pode causar lesões semelhantes a furúnculos na pele. Em alguns casos, pode resultar em morte.

Pelo menos 548 pessoas morreram em decorrência da infecção na República Democrática do Congo, que concentra 96% dos casos.

O vírus pode passar de animais para humanos, mas também pode ser transmitido de humanos para outros humanos por meio de contato físico próximo.

Com a propagação da nova cepa, que é considerada mais contagiosa, porém menos letal, houve um aumento de 160% nos casos este ano em comparação com o ano anterior, de acordo com dados publicados na semana passada pela agência de saúde africana.

Além do caso detectado na Suécia, o ministério da saúde do Paquistão confirmou nesta sexta pelo menos uma pessoa infectada pelo vírus. O paciente havia retornado de um país do Golfo, segundo as autoridades de saúde paquistanesas. Ainda não se sabe qual foi a cepa do vírus.

Um total de 38.465 casos da doença foi registrado em 16 países africanos desde janeiro de 2022, com 1.456 mortes.

Empresas se preparam para fornecer vacina

A farmacêutica dinamarquesa Bavarian Nordic informou na quinta-feira que está pronta para produzir até 10 milhões de doses de sua vacina contra a varíola até 2025, depois que a Organização Mundial da Saúde declarou emergência de saúde pública global.

O laboratório dinamarquês fornece sua vacina contra a varíola principalmente para governos e organizações internacionais, mas começou a comercializá-la nos Estados Unidos em abril.

Na terça-feira, o Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças, a agência de saúde da União Africana, anunciou que mais de 200 mil doses da vacina seriam aplicadas no continente, após um acordo com a União Europeia e a Bavarian Nordic.

A mpox vai desencadear outra pandemia?

Especialistas em infectologia avaliam a hipótese como altamente improvável.

As pandemias, inclusive as mais recentes, da gripe suína e de covid-19, normalmente são desencadeadas por vírus transportados pelo ar, que se espalham rapidamente, inclusive por pessoas sem sintomas aparentes.

A mpox é transmitida principalmente por meio de contato próximo, pele a pele com pessoas infectadas ou com suas roupas ou lençóis sujos.

Para se manter seguro, os especialistas aconselham evitar o contato físico próximo com alguém que tenha lesões semelhantes à varíola, não compartilhando seus utensílios, roupas ou lençóis e manter uma boa higiene, como lavar as mãos regularmente.

Há também o fato de que existem vacinas e tratamentos disponíveis para a varíola, ao contrário do que aconteceu nos primeiros dias da pandemia de covid-19.

sf (AFP, AP, ots)