Governo Netanyahu se comprometeu com europeus a permitir a entrada de mais ajuda humanitária no território palestino, após relatos de caos e mortes de civis nas filas de espera por comida.A União Europeia selou um acordo com Israel para permitir a entrada de mais ajuda humanitária na Faixa de Gaza, informou nesta quinta-feira (10/07) a chefe da diplomacia do bloco, Kaja Kallas.

Segundo ela, o acordo prevê “a abertura de mais passagens, a entrada em Gaza de caminhões com ajuda e alimentos, o reparo de infraestruturas vitais e a proteção dos trabalhadores humanitários”. “Contamos que Israel aplicará todas as medidas acordadas”, disse via redes sociais.

Estão previstas tanto a abertura de outras passagens fronteiriças na zona norte e sul quanto a reabertura das rotas de ajuda vindas do Jordão e do Egito, bem como a retomada do fornecimento de combustível para uso das instalações humanitárias “até um nível operacional”. A previsão é também viabilizar a operação de infraestrutura para dessalinização de água.

O pacto foi anunciado em um momento em que se avolumam relatos de civis baleados e mortos nas filas de espera por alimentos distribuídos pela Gaza Humanitarian Foundation (GHF).

A entidade, que é ligada aos Estados Unidos e Israel, passou a monopolizar no final de maio a distribuição de ajuda humanitária na região, após quase três meses de bloqueio israelense.

Caos na distribuição de ajuda humanitária

A distribuição de alimentos tem sido caracterizada por cenas caóticas, e há relatos de saques por grupos armados, não necessariamente ligados ao Hamas. O regime de Benjamin Netanyahu acusa o grupo palestino de desviar ajuda e revendê-la para financiar seus esforços de guerra. As Nações Unidas, porém, argumentam que não há evidências de desvios em larga escala.

Em comunicado, Kallas declarou que “a ajuda em larga escala deve ser entregue diretamente à população e que continuarão sendo tomadas medidas para garantir que não haja desvio de ajuda para o Hamas”.

Ainda não está claro, porém, se a ajuda adicional negociada pela UE será entregue via Nações Unidas ou pela GHF. Nesta quinta, porém, a ONU anunciou ter conseguido entregar 75 mil litros de combustível pela primeira vez desde o bloqueio israelense.

Ainda nesta quinta-feira, autoridades em Gaza disseram que um bombardeio israelense havia matado dez crianças e cinco adultos que esperavam por atendimento do lado de fora de um hospital.

Pouca esperança de cessar-fogo

O acordo com a UE vem num momento em que as perspectivas de um acordo de cessar-fogo parecem minguar.

Antes da eclosão da guerra entre Israel e Irã, o bloco europeu vinha sendo pressionado por alguns poucos países-membros a rever um acordo bilateral com Israel como forma de sancionar o país pelo sofrimento de civis em Gaza.

Nesta quinta, Netanyahu disse que está disposto a negociar um cessar-fogo permanente em Gaza durante uma trégua de 60 dias, mas só se o território palestino for desmilitarizado, o Hamas “depusrer suas armas” e deixar de ter “capacidade de governo ou militar”.

“Se não for possível chegar a isso com negociações em um prazo de 60 dias, conseguiremos por outros meios, utilizando a força de nosso heroico exército”, afirmou o premiê.

Nesta semana, o governo de Israel revelou planos para confinar centenas de milhares de palestinos de Gaza numa área fechada no sul do enclave devastado pela guerra, a fim de separar civis e Hamas. A ideia foi criticada pelos que temem a expulsão em massa da população.

ra (EFE, AP, dpa, AFP)