Estados-membros da União Europeia divergem sobre alcance das punições e hesitam em excluir Moscou do sistema Switf de transações internacionais, o que poderia afetar também algumas das economias do bloco europeu.Os países da União Europeia (UE) impuseram novas sanções econômicas contra a Rússia nesta quinta-feira (24/02), horas depois de os Estados Unidos e o Reino Unido anunciarem suas próprias punições a Moscou, em razão da invasão militar em larga escala da Ucrânia.

As medidas adotadas pela UE, entretanto, ficaram abaixo das expectativas do governo ucraniano, com os Estados-membros divididos sobre como aplicar as punições e deixando alguns detalhes para serem resolvidos nos próximos dias.

Durante a reunião de emergência em Bruxelas, os líderes europeus condenaram a decisão do presidente russo, Vladimir Putin, de ordenar a invasão do território ucraniano. O primeiro-ministro da Letônia, Krisjanis Karins, o descreveu com um “autocrata iludido que gera miséria para milhões de pessoas”.

A UE decidiu congelar bens e ativos russos nos países do bloco e suspender o acesso dos bancos russos aos mercados financeiros europeus, algo que o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, descreveu como “o pacote de sanções mais rígido já implementado por nós”.

As sanções têm como alvo, entre outros, os setores de energia e transportes, e visam suprimir o comercio e a indústria da Rússia, através de controles de exportações. “Nossas sanções vão ferir a economia russa direto no coração”, disse o primeiro-ministro da Bélgica, Alexander De Croo.

Medidas abaixo das expectativas

Entretanto, existem ainda algumas divergências entre os Estados-membros sobre o alcance das sanções, enquanto os países que sofreriam de modo mais intenso as consequências dessas medidas defendem a adoção de ações mais cautelosas.

O ministro do Exterior da Holanda, Wopke Hoekstra, disse esperar uma definição do formato final das sanções até esta sexta-feira. “Para a Holanda o Swift é parte dessa discussão”, afirmou, em referência ao sistema global de transferências bancárias.

Não houve consenso em torno do bloqueio à Rússia do acesso ao Swift, o sistema internacional de cooperação que permite transações financeiras entre mais de 11 mil instituições bancárias em todo o mundo.

A exclusão da Rússia do Swift teria impacto também sobre algumas economias europeias. A medida, que foi pedida pela Ucrânia e pelos países dos Bálcãs, foi apoiada pela líder do Parlamento europeu, Roberta Metsola, mas enfrentou a resistência de alguns chefes de governo.

Sanções mais duras “em outro momento”

O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, disse que essa decisão poderia ferir também alguns países do bloco, e que essa deve ser uma medida a ser adotada em outro momento. “Alguns países estão hesitantes, uma vez que isso poderá lhes trazer sérias consequências”, observou.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, disse que a possibilidade de excluir a Rússia do Swift deve ser parte das sanções a serem adotadas futuramente, “em uma situação na qual possa ser necessário ir mais além”.

Nesta terça feira, a UE já havia anunciado um pacote de sanções contra Moscou, que atingem vários setores e centenas de indivíduos, incluindo políticos e empresários, e dificulta acesso de entidades russas ao mercado europeu. O objetivo é minar capacidade de Moscou de impor políticas agressivas.

Entre os alvos, estão cerca de 350 membros do Parlamento russo que votaram a favor do reconhecimento, por Moscou, das “repúblicas populares” de Lugansk e Donetsk, além de 27 indivíduos e entidades que ameaçam a integridade territorial e a soberania da Ucrânia.

rc (Reuters, AP, dpa)