Relatório aponta que parcela de imigrantes entre suspeitos de crimes em 2024 permaneceu estável. Mas alguns grupos, como os originários do Norte da África, aparecem em maior proporção do que outros imigrantes.Quase 9% – ou um em cada onze – de todos os suspeitos em casos de crimes genéricos no ano passado na Alemanha eram imigrantes, conforme os dados mais recentes divulgados pelo Departamento Federal de Investigações (BKA, na sigla em alemão). Com 8,8%, a participação de imigrantes permaneceu praticamente no mesmo nível do ano anterior, conforme mostra o relatório do BKA, intitulado Crime no Contexto da Imigração e publicado nesta segunda-feira (08/12).

De um total de mais de 1,9 milhão de suspeitos, cerca de 172,2 mil eram imigrantes e outros 697 mil não possuíam cidadania alemã. “Crimes genéricos” se referem a atos que não são motivados politicamente. Violações da lei de imigração também não estão incluídas.

Segundo o BKA, suspeitos não alemães incluem todos aqueles sem cidadania alemã, independentemente do motivo de residência ou histórico de imigração. Suspeitos imigrantes são definidos como pessoas que são, por exemplo, solicitantes de asilo, refugiados ou que têm autorização temporária de residência.

No ano passado, o número de suspeitos imigrantes em crimes comuns, excluindo delitos relacionados à imigração, caiu 3,6%. Segundo o BKA, no entanto, essa comparação tem “significância limitada”, pois a legalização parcial da cannabis, que entrou em vigor em meados do ano, impactou as estatísticas criminais, levando a uma diminuição geral no número de suspeitos e de casos.

Mais de três quartos eram homens

Mais da metade dos imigrantes suspeitos tinha menos de 30 anos e mais de três quartos eram homens. A proporção de suspeitos reincidentes entre todos os imigrantes suspeitos permaneceu em pouco menos de 32% em 2024, a mesma do ano anterior.

A proporção de imigrantes suspeitos foi particularmente alta em casos de crimes contra o patrimônio e falsificação (12,3%), crimes contra a vida (12,2%) e furto (12,1%) em comparação com sua participação geral no total de suspeitos. Em contrapartida, sua participação foi menor em crimes contra a liberdade sexual (7,9%).

O número de imigrantes que foram vítimas de algum crime em 2024 aumentou 5,2% em relação ao ano anterior.

O número de refugiados residentes na Alemanha ultrapassou a marca de 3 milhões pela primeira vez em 2024, segundo o relatório (2023: 2,9 milhões). Um terço deles veio da Ucrânia (1,1 milhão), seguido pela Síria (629 mil), Afeganistão (323 mil) e Iraque (167 mil).

A Alemanha tem uma população total de aproximadamente 83,5 milhões.

Quase metade de todos os crimes envolvendo suspeitos imigrantes foram dirigidos contra alemães (45,9%), enquanto muitos imigrantes são vítimas – predominantemente de outros imigrantes (34,5%) e, com menos frequência, de alemães (19,2%). O BKA enfatizou que os grupos de migrantes não são apenas perpetradores, mas também vítimas desproporcionais de crimes. Especificamente, 70.051 imigrantes foram vítimas de crimes, predominantemente agressões (73%), com pessoas da Síria, Ucrânia e Afeganistão sendo particularmente afetadas.

Imigrantes do norte da África em evidência

A proporção de suspeitos ucranianos, de 12,8%, ficou muito abaixo de sua participação entre os imigrantes (35,7%), de acordo com o relatório de situação. O oposto ocorre com os indivíduos dos países do Magreb (Argélia, Marrocos, Tunísia). Eles representavam apenas 0,5% dos imigrantes, mas sua participação entre os suspeitos dentro do grupo de imigrantes foi de 9,1%.

Segundo o relatório, os suspeitos desses países, bem como da Líbia e da Geórgia, também eram particularmente propensos a serem reincidentes.

Sírios e afegãos representavam cerca de 21% e 10%, respectivamente, dos suspeitos, o que corresponde aproximadamente à sua proporção de imigrantes residentes na Alemanha.

md (AFP, DPA)