04/04/2022 - 18:25
Em um artigo publicado no The Astrophysical Journal, Anna Malanushenko e sua equipe relataram as descobertas peculiares de uma simulação do Sol. De acordo com os pesquisadores, nem todas as estruturas do Sol realmente estão lá e o que vemos é um truque da luz.
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Enquanto faziam simulações, a equipe não esperava encontrar nada incomum ao observar os loops coronais. Observações em luz ultravioleta mostraram esses arcos brilhantes de material em muitas fotos, e as teorias sugeriram que eles são tubos finos, longos e magnetizados de plasma criando laços brilhantes.
A simulação criou imagens preenchidas com essas estruturas finas, mas uma vez que a equipe as olhou em 3D, toda a perspectiva mudou. Segundo os pesquisadores, a maioria dos fios não está lá, embora ao olhar para o sistema em duas dimensões eles pareçam estar.
Eles são criados pela intensidade sobreposta do plasma não confinado em tubos finos, mas difundido em uma estrutura vasta e mais espalhada, como um véu. Nem todo loop é assim, mas qualquer loop pode ser.
“A mensagem do artigo não é que todo laço coronal é uma ruga em um véu. A implicação é que cada um deles poderia ser um véu e não saberíamos”, disse Malanushenko, cientista do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica do Observatório de Alta Altitude, ao IFLScience. “A hipótese do véu coronal é importante porque precisamos medir a coroa solar de maneira diferente.”
Então, como conseguimos ver coisas que não estão lá? De acordo com a especialista, isso é difícil de explicar. Sua equipe está trabalhando em uma abordagem estatística que pode revelar se estamos olhando para um véu ou fios individuais, mas ainda é cedo, e ela acha que outros pesquisadores podem ter outras abordagens para confirmar ou refutar essa hipótese.
“Gostaria de iniciar uma discussão na comunidade sobre a melhor forma de abordar isso, porque isso é maior do que um tópico para apenas um grupo”, explicou Malanushenko ao IFLScience. A pesquisadora, que passou toda a sua carreira estudando loops coronais, disse que as descobertas da simulação causaram algumas emoções fortes.
“Estou deprimida e animada. Estou deprimida porque esse conceito pode afetar um número desconhecido de estudos anteriores de maneiras desconhecidas. Também estou empolgada porque significa que teremos que desenvolver algumas novas técnicas e, sempre que fizermos isso, poderá haver um avanço na forma como entendemos o Sol. Estou muito animado para ver o que vai acontecer!”, acrescentou ela ao IFLScience.