03/12/2021 - 11:32
Já ouviu falar de cocolitóforos? Os cocolitóforos (ou cocolitoforídeos) são algas microscópicas que formam minúsculas placas de calcário, chamadas cocólitos, em torno de suas células individuais. A forma e o tamanho dos cocólitos variam de acordo com a espécie. Um detalhe científico relevante sobre esses seres minúsculos: após sua morte, os cocolitóforos afundam no oceano e seus cocólitos se acumulam em sedimentos, que registram fielmente a evolução detalhada desses organismos ao longo do tempo geológico.
Uma equipe de cientistas liderada por pesquisadores do CNRS 1 (França) mostrou, em artigo publicado na revista Nature, que certas variações na órbita da Terra influenciaram a evolução dos cocolitóforos. Para chegarem a essa conclusão, eles mediram e classificaram, usando técnicas de microscópio automatizado e inteligência artificial, nada menos que 9 milhões de cocólitos, abrangendo um intervalo de 2,8 milhões de anos e vários locais no oceano tropical.
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Os pesquisadores observaram que os cocólitos passaram por ciclos de maior e menor diversidade em tamanho e forma, com ritmos de 100 e 400 mil anos.
Formato da órbita
Eles também propõem uma causa: a forma mais ou menos circular da órbita da Terra em torno do Sol, que varia no mesmo ritmo. Assim, quando a órbita da Terra é mais circular, como é o caso hoje (isso é conhecido como baixa excentricidade), as regiões equatoriais apresentam pouca variação sazonal e espécies pouco especializadas dominam todos os oceanos. Por outro lado, conforme aumenta a excentricidade e estações mais pronunciadas aparecem perto do equador, os cocolitóforos se diversificam em muitas espécies especializadas, mas coletivamente produzem menos calcário.
Crucialmente, devido à sua abundância e distribuição global, esses organismos são responsáveis por metade do calcário (carbonato de cálcio, parcialmente composto de carbono) produzido nos oceanos. Desse modo, eles desempenham um papel importante no ciclo do carbono e na determinação da química dos oceanos.
Portanto, é provável que os padrões de abundância cíclicos desses produtores de calcário tenham desempenhado um papel fundamental em climas antigos e podem explicar variações climáticas até então misteriosas em períodos quentes anteriores. Em outras palavras, na ausência de gelo, a evolução biológica das microalgas poderia ter definido o ritmo dos climas. Essa hipótese ainda precisa ser confirmada.