Um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences na última segunda-feira (24/10) revelou que uma das batalhas bíblicas descritas no segundo livro de Reis pode ter realmente acontecido, causando a destruição de algumas cidades na região de Israel.

Escavações arqueológicas conseguiram combinar vários locais com cidades (aldeias pelos padrões modernos) mencionadas na Bíblia como sendo destruídas por vários vizinhos hostis. No novo estudo, o estudante de doutorado da Universidade de Tel Aviv, Yoav Vaknin, e seus colegas mostram que a destruição dessas cidades se encaixa nos relatos bíblicos.

Quando as substâncias magnéticas ficam quentes o suficiente, elas retêm o campo magnético local enquanto esfriam. Hoje, esse campo magnético é frequentemente fornecido por linhas elétricas ou outras fontes artificiais, mas há três milênios o campo magnético da Terra era praticamente o único jogo na cidade.

Assim, quando os exércitos saqueiam cidades incendiadas, a camada de cinzas que marca sua “zona de destruição” carrega um registro da intensidade, bem como da direção, do campo magnético da Terra naquele momento.

“Com base na semelhança ou diferença na intensidade e direção do campo magnético, podemos corroborar ou refutar hipóteses que afirmam que locais específicos foram queimados durante a mesma campanha militar”, disse Vaknin em comunicado enviado por e-mail à IFLScience.

Ele explicou que, como o campo estava mudando de forma incomumente rápida nesta região 3.000-2.600 anos atrás, às vezes aumentando mais que o dobro da intensidade atual, o processo se tornou mais fácil.

A Bíblia se refere à cidade filistéia de Gate, logo além das fronteiras da Judéia, como sendo destruída por Hazael, rei de Aram-Damasco. Os arqueólogos acreditam que o sítio Tell es-Safi, no que hoje é o centro de Israel, são os restos de Gate, e foi queimada por volta de 830 aC.

A Bíblia também culpa Hazael pela queda de três outras cidades, que se acredita serem os lugares agora conhecidos como Tel Rehov, Tel Zayit e Horvat Tevet. Vaknin e os co-autores afirmam que o campo magnético era o mesmo quando Gate e as outras cidades queimaram, indicando que provavelmente foi no mesmo ano.

Por outro lado, a destruição de Tel Beth-Shean (agora no norte de Israel) também foi atribuída por alguns estudiosos modernos a Hazael. No entanto, os dados de Vaknin sugerem que sua morte ocorreu 70 a 100 anos após a de Gate, época em que Hazael certamente estava morto. A queda de Tel Beth-Shean coincide com a campanha do faraó Shoshenq nas terras a leste do Mediterrâneo.

O trabalho também apoia a teoria de que partes do reino de Judá sobreviveram depois que os babilônios destruíram Jerusalém. “As cidades no Negev, nas montanhas do sul da Judéia e no sopé do sul da Judéia permaneceram quase inalteradas”, disse o professor Erez Ben Yosef, coautor do estudo. “Agora, os resultados magnéticos apoiam essa hipótese.”